quarta-feira, novembro 10, 2004
Arafat 1
O triste espectáculo que se está a gerar à volta de Yasser Arafat tem todas as marcas do passamento de um potentado oriental que ele era.
De um lado temos os putativos herdeiros a visita-lo, do outro a mulher a tentar controlar o acesso e a apresentar-se como mediadora entre Arafat e o Mundo.
Passemos um véu piedoso sobre a separação de facto entre os dois esposos ou os diferendos passados entre o Presidente da Autoridade Palestiniana e aqueles que agora o vão colectivamente substituir. Até mesmo porque “entre marido e mulher não metas a colher”.
Mas a realidade é que a tentativa de se apropriar da “palavra de Arafat” e, estou seguro, dentro de pouco tempo da sua “herança” identifica um sistema (a AP) onde a legitimidade vem menos do sufrágio ou da causa e mais da vontade do Líder. A pessoa de Arafat, a sua história, a sua rede de influências, os seus fiéis, etc. eram a sua legitimidade.
Por isso, quem controla o acesso a Arafat, se não à pessoa (que está incapaz de qualquer coisa) ao pensamento, controla o poder. Ou assim se pensa. Isto porque não há legitimidade democrática na actual AP. Admitindo que existe legitimidade de algum tipo na dita causa palestiniana.
Isto espelha aquilo que Arafat é/foi. Um autocrata à maneira médio oriental à volta do qual se organiza uma clique decalcada da imagem e semelhança de uma mítica ideia do Divan da Sublime Porta. Estamos a assistir às típicas trepidações de uma corte que se agita pelo morte do suserano.
De um lado temos os putativos herdeiros a visita-lo, do outro a mulher a tentar controlar o acesso e a apresentar-se como mediadora entre Arafat e o Mundo.
Passemos um véu piedoso sobre a separação de facto entre os dois esposos ou os diferendos passados entre o Presidente da Autoridade Palestiniana e aqueles que agora o vão colectivamente substituir. Até mesmo porque “entre marido e mulher não metas a colher”.
Mas a realidade é que a tentativa de se apropriar da “palavra de Arafat” e, estou seguro, dentro de pouco tempo da sua “herança” identifica um sistema (a AP) onde a legitimidade vem menos do sufrágio ou da causa e mais da vontade do Líder. A pessoa de Arafat, a sua história, a sua rede de influências, os seus fiéis, etc. eram a sua legitimidade.
Por isso, quem controla o acesso a Arafat, se não à pessoa (que está incapaz de qualquer coisa) ao pensamento, controla o poder. Ou assim se pensa. Isto porque não há legitimidade democrática na actual AP. Admitindo que existe legitimidade de algum tipo na dita causa palestiniana.
Isto espelha aquilo que Arafat é/foi. Um autocrata à maneira médio oriental à volta do qual se organiza uma clique decalcada da imagem e semelhança de uma mítica ideia do Divan da Sublime Porta. Estamos a assistir às típicas trepidações de uma corte que se agita pelo morte do suserano.