segunda-feira, março 28, 2005
A europa face às comunidades
The Economist dá conta daquilo que chama dog-whistle politics de Michael Howard, o currente lider Tory. Tendo o cuidado de afirmar que as palavras proferidas contra os ciganos não são racistas, The Economist, não hesita em titular o artigo de "High pitch, low politcs".
Os exemplos de que a Europa está face ao problema das comunidades e do comunitarismo sem uma real solução nem um claro modelo de integração/multiculturalismo são mais do que muitos. E podemos considerar muito graves ou não. Mas ninguém, no seu perfeito juízo, considera o problema em si de somenos. Digo eu na minha modesta opinião.
Enquanto a Europa se debate entre varios modelos no limite do incompativeis e varios grupos de pressão com agendas proprias e claramente irreconciliaveis, o racismo, que é uma dessa hidden agendas, vai pondo de fora a sua cabeça. Sob todas as formas, das mais proximas do americano Louis Farrakhan a Le Pen.
Resta-nos a nova Miss Europa 2005, uma lindissíma alemã (Miss Alemanha 2004) de origem iraniana que se chama Shermine Shahrivar. Não só pela plastica ou pelos neurónios que demonstra nas entrevistas mas também porque é um sintoma claro de integração.
sexta-feira, março 25, 2005
Como é que se comenta isto?
3 iniciativas
A primeira diz respeito à limitação de mandatos autarquicos. Há muitos e válidos argumentos a favor desta medida. A lista de boas razões e de maus exemplos é suficiente para justificar a medida. O acordo dos principais partidos parlamentares e o implicíto sufrágio da maioria do cidadãos do nosso País valida a questão. Mas eu não concordo. Do meu ponto de vista qualquer limitação de mandatos, por extensão qualquer limitação de elegibilidade (que não esteja ligada a cidadania, interdição ou à privação judicial de direitos politicos), é inaceitável. Porque viola o principio republicano da absoluta igualdade perante a Lei e o principio democratico que os eleitores escolhem a melhor pessoa para o cargo. E a ideia de violar principios para resolver problemas de funcionamento é-me alienigia. Como dizem os nossos amigos anglo-saxões: Two wrongs donnt make a right.
A segunda diz respeito à limitação dos cargos de nomeação politica. Acho muito bem. Como já disse eu não sofro de alergia às nomeações politicas. Acho que são necessarias para ajudar a implementar as politicas. Pelo menos no sistema que é o nosso. Mas sou a favor de um claro "separar das àguas" entre os cargos puramente técnicos e os de nomeação politica. E sou também a favor da não proliferação, e mesmo da redução, destes.
Por fim, parece que já se sabe a datapara o referendo sobre a Interrupção Volutária da Gravidez. Parece que, uma vez mais, eu meti a pata na poça e, contrariamente às minahas expectativas ele se vai realizar ASAP. Eu sou contra. Contra tudo. Contra a despenalização da IGV (como já disse "two wrngs..."); contra o referendo (não só por principio eu não gosto muito da instituição referendaria, como concordo com o PCP e com BE que este assunto devia ser decidido na AR) e contra a antecipação do referendo para facilitar a vida a Guterres. Mas ao referendo sobre a IGV ainda voltarei.
quinta-feira, março 24, 2005
A gauche caviar
Os equivalentes são: "Chardonnay socialist" na Australia e na Nova Zelândia, "Red wine socialist" na Finlandia e Suecia, "Salonsocialist" nos Países Baixos, “esquerda sushi” na Argentina e "latte liberal" nos USA.
A ideia é cretina. Se ser de Esquerda implicasse ser pobre e ser pobre implicasse ser de Esquerda então os Partidos de Esquerda ganhavam sempre as eleições porque há mais pobres que ricos.
Ser de Esquerda é defender uma determinada ideia da “coisa publica” (já agora ser de Direita também, só que a ideia é diferente). É defender uma ideia do Estado e da Sociedade. É defender que o Estado deve ter determinadas obrigações sociais e que os mais afluentes devem contribuir mais para uma maior Justiça Social. É defender um papel activo do Estado na promoção da Justiça Social e da Igualdade de Direitos e de Oportunidades. Não é ser contra os ricos. Não é ser contra ninguém.
Ser de Esquerda e ser burguês é ir contra os seus imediatos interesses económicos e financeiros porque é defender uma maior taxação para promover uma maior equidade social. Mas nem toda a gente vê tudo por uma óptica exclusivamente economicista. É pois perfeitamente possível ser de Esquerda e ter um nível de vida abastado. É além disso coerente.
Ser de Esquerda não é dar tudo aos SDFs e tornar-se um. Essa visão franciscana da Esquerda é ridícula e muito ligada ao imaginário cristão que, historicamente, está bem mais próximo da Direita que da Esquerda. Claro que há os chamados católicos de Esquerda. Talvez eles tenham problemas em serem chamados de “gauche caviar”. Os outros estão a esposar uma longa linha de burgueses intelectuais que, indo contra os seus interesses, defendiam as politicas de Esquerda que, seguramente, não os ajudavam a eles. Mas faziam-no por razões intelectuais, e por vezes emocionais, sem precisar de dar testemunho de vida. Engels para citar apenas um.
Claro que há Homens e Mulheres de Esquerda que abandonaram a uma vida de privilegio para viver pobremente em defesa dos mais necessitados. M. K. Gandhi e el Che por exemplo. Mas são e serão sempre a excepção, tal como Giovanni Bernardone, conhecido como São Francisco de Assis, é a excepção entre os católicos (aliás por isso é que ele foi feito santo).
Ser gauche caviar não é vergonha nenhuma. Antes gauche caviar que gauche bife com ovo a cavalo (como eu) ou gauche sem nada para comer. Quem faz troça é porque tem inveja de não poder pagar o oscietre ou o beluga. Quem me dera a mim ganhar dinheiro suficiente para ser gauche caviar.
quarta-feira, março 23, 2005
Als das Kind Kind war
A sua escolha para separador de um programa sobre a Europa é profundamente acertada porque a Europa é, acima de tudo, uma cultura comum. Mais precisamente uma maneira de estar relativamente à Vida, aos Outros e à Cultura.
Na mesma TSF, numa das entrevista do programa “Pessoal e Transmissível” Jorge Semprum dizia que a unidade da Europa era a sua diversidade cultural. O saber viver com essa realidade era/é a nossa força, aquilo que nos diferencia e aquilo que, se potenciado correctamente, nos permitirá de existir neste século.
Eu penso que, se a Europa sobreviver como entidade ao século que apenas iniciamos, então seremos claramente ganhadores. E isso só valerá a pena para afirmar, reafirmar e exportar o nosso modelo cultural de riqueza e diversidade. De riqueza na diversidade.
segunda-feira, março 21, 2005
Domingo face à televisão
Na SIC passou “Spy Game”, um filme com Robert Redford e Brad Pitt a propósito de dois agentes da CIA. Apesar da historia principal se situar na China e em Langley na actualidade (ou pouco mais ou menos) existem vários flash backs para operações anteriores. É precisamente uma dessas operações anteriores, passada em Beirute, que merece atenção. Não pelo filme mas porque nos recorda a guerra civil dos anos 80, recordação que ganha importância à face das actuais evoluções do Líbano.
À noite, na 2:, no “Diga lá Excelência” que sigo sempre que posso, Manuel Carvalho da Silva foi entrevistado. O líder da CGTP manteve um discurso expectável, fazendo algumas concessões ao estado de graça do Governo socialista e portanto não o atacando muito, o sindicalista recordou a importância da industrialização (ou da sua ausência) e, em paralelo com a educação, da formação.
Ao fim da noite, já no inicio da madrugada, na RTP 1 passou “Apocalipse Now”. Já não me recordava de muitos dos detalhes mas, no conjunto, tinha uma recordação aceitável do filme que não (re)via desde a sua estreia comercial, ainda andava no liceu. Todavia reconhecendo que está muito bem feito e que é um filme impressionante, não gostei do filme na altura e não gostei este fim de semana. Eu vejo muitos filmes de guerra porque são uma maneira não intelectual de passar o tempo. Mas não gosto muito do género.
Amadora, neste fim de semana
No Sábado, fomos recordados que a situação dramática dos trabalhadores da Bombardier (ex-Sorefame) ainda não está resolvida. Já na madrugada de Domingo, dois agentes de polícia foram assassinados quando faziam uma patrulha de rotina. O presidente da Câmara da Amadora, município onde os policias foram baleados e onde se situa a Bombardier, teve em ambos os casos uma intervenção digna e positiva.
No caso da Bomberdier, Raposo veio defender que era preciso esperar pela reunião agendada para a próxima 4ª feira entre a empresa e o Ministério responsável pelos transportes antes de tomar uma decisão. Sem diabolizar ninguém, e (pareceu-me) respeitando as prerrogativas das empresas, relembrou que o Estado deve ter também uma preocupação social quando, nos actos de gestão, dá um contracto a uma ou outra empresa.
No caso dos policias assassinados fez apelo a uma maior autoridade do Estado e a uma revisão e melhoria das condições de trabalho e do material das forças policiais. Mas, deu um necessário enfoque, ao enquadramento social e, muito justamente, não deixou de recordar que o anterior Governo (de Centro Direita, recordo) cortou as verbas necessárias para o plano de realojamento previsto para a área urbana em causa e reduziu os instrumentos financeiros para outros programas de solidariedade social. Em paralelo com a revisão das condições e do modo operatório das forças da ordem é necessário fazer a necessária intervenção de cariz social.
Joaquim Raposo é o máximo dirigente de uma importante estrutura do Partido Socialista – a FAUL, Federação da Área Urbana de Lisboa. A sua postura pareceu-me que foi muito boa e, portanto, um crédito para ele, para a FAUL e para o Partido.
sexta-feira, março 18, 2005
O referendo do Tratado Constitucional 2
Eu sou um europeísta ferrenho. Mais, sou um federalista. Estou desejoso de votar "Sim". E sempre disse que ia votar Sim à constituição. Porque pensava que uma Constituição, mesmo que má, é melhor que nenhuma. E a ratificação de uma Constituição para a União, é um passo importante e um momento (re)fundador.
Mas há imensos camaradas meus a dizer que esta Constituição é muito má. Mesmo muito má. De um liberalismo incompatível com os principios de qualquer socialista. Ora eu sou mais federalista do que socialista e, dentro da Esquerda, muito chegado ao centro. Estava a pensar dar de barato as vozes que clamavam contra como impenitentes esquerdistas e sonhadores. Mas começo a achar dificíl desprezar não só as vozes de, entre outros, Henri Emmanuelli e Laurent Fabius (que não é propriamente um gauchiste) como de dezenas de amigos pessoais e conhecidos cuja opinião e prespicácia politica em respeito e, alguns, de comungo e aprecio.
O meu grande problema é que, desde ATTAC até ao meu Padrinho e ao meu ex-chefe, os partidários do "Não" fornecem um bem estruturado argumentario. E não estou a falar de soberanistas ou anti-europeistas. Estou a falar de gente que quer uma Constituição para a Europa, mas acha que nos estão a pedir para ractificar um texto inceitável.
Os partidarios do "Sim" limitam-se a explicar porque é que devemos ter UMA Constituição, mas não porque é que devemos ter ESTA Constituição. Eu continuo convencido do sim, mas fraquejo. E não vi que o Secretário Geral tenha acrescentado nada de novo à discussão.
Acertei uma
É com simpatia que eu vejo alguém concordar com uma das minhas escolhas para o ano passado.
Lisboa
No blog do Forum Cidade, Miguel Coelho, Presidente da Comissão Política da Concelhia de Lisboa, colocou um post onde aborda a questão do candidato socialista à CML.
Na minha compreensão, o texto tem 3 mensagens claras:
- Que a Concelhia não aceita uma imposição de S. Pedro de Alcantra nem do Rato, mas que está disponível para acordar um nome entre os 3.
- Que não será João Soares.
- Que a escolha se fará ainda em Março.
Miguel Coelho ao reafirmar a posição da CPC está a representar bem os os miltantes de Lisboa que compreendem a importancia politica da capital e entendem que o Secretariado Nacional (eu não fulanizo no Secretário Geral) tem uma importante palavra a dizer mas que não pode impor um nome. Eu próprio já expressei a minha inquietação por o Rato querer impor algém.
A inviabilização liminar do nome de João Soares pode não cair bem junto de alguns sectores da FAUL que, a acreditar em rumores, apoiavam o ex-edil. Mas, provavelmente, será apreciada por Sócrates de quem, salvo erro muito provavel da minha parte, Miguel Coelho foi um dos apoiantes nas eleições internas.
Eu concordo com essa decisão. João Soares poder ter sido um dos melhores Presidentes da Camara de Lisboa do pós 25 de Abril mas, justa ou injustamente, está muito queimado junto do eleitorado.
É importante que o PS anuncie quanto antes a sua escolha. Estamos a 8 meses das eleições e é urgente haver uma posição clara para se começar a preparar a pré-campanha, promover o candidato, etc.
Miguel Coelho não faz puto de ideia quem eu sou e, mesmo que assim não fosse, ele estava-se nas tintas para a minha imodesta opinião. De qualquer maneira, e para que conste, a intervenção é globalmente muito positiva e tem o meu apoio.
quinta-feira, março 17, 2005
Os blogs e as listas de links
Vitorino e Delors, sebastianismos
Eu recordo essa entrevista numa única frase: “eu não concorro porque só não tenho a certeza de ganhar e só jogo para ganhar”. Estou seguramente a ser injusto. Dirão que sou um idiota, que falo mal francês, que não percebi nada de nada. Seja. Mas essa é a minha recordação de uma entrevista que assisti em directo, colado ao televisor como toda a Esquerda e uma boa parte da Direita estava.
Delors é um grande da Esquerda. Foi um dos melhores ministros das Finanças e do Orçamento de Miterrand. Não é um socialista mas antes um social democrata vindo dos movimentos sociais católicos. Foi uma personagem impar na construção europeia. Foi o primeiro e, até agora único, presidente da Comissão a cumprir dois mandatos. Arquitectou o Euro, Maastrich, Schengen e lançou as fundações para a União de hoje. Elevou a função de tal maneira que, depois dele, ela só foi confiada a ex-Primeiros.
Mas nunca “foi à luta” eleitoral. Recordo que ele ganhou as primeiras eleições para deputado europeu por voto directo mas não recordo mais nenhuma vitoria eleitoral. Não recordo que ele fosse um homem de comícios, um tribuno, um natural born lider carismático.
Delors é um intelecto de peso. Capaz de pensar e fazer grandes coisas. Mas recolhido no seu gabinete. Talhado para ser uma segunda figura de enorme peso mas nunca ascendeu ao primeiro lugar. Foi sempre um subalterno de peso ou numero um por nomeação não por eleição. E ganhou, assim, um invejável lugar na Historia. Mas nunca liderou o Hexágono.
Vitorino será muito bom como Alto Comissário para os Refugiados. Estou certo e seguro. Ou qualquer outro alto cargo onde não esteja sujeito a ser julgado por pessoas comuns, por exemplo em eleições. Como foi um dos mais aclamados Comissários da Comissão Prodi, onde foi avaliado essencialmente por especialistas dos assuntos que geriu. E um dia terá oportunidade de ser Presidente da Comissão (desde que a “regra” dos ex-Primeiros seja quebrada) ou Secretario Geral da Nato, ou da UN. E fará um excelente trabalho em qualquer destes cargos, onde o seu inegável intelecto possa espraiar-se livremente sem ser tolhido pela falta de coragem politica de enfrentar a validação do sufrágio que, aparentemente, o caracteriza.
quarta-feira, março 16, 2005
As guerras da Direita 2
Ou, mais precisamente, que tal são conceitos de Esquerda. Portanto, segundo o Senhor, a Esquerda acha que há Esquerda e Direita mas a Direita não. Eu sendo de Esquerda acho que existe Esquerda e Direita. Com esta minha opinião, e do ponto de vista dele, limito-me a confirmar a confirmar a tese do Senhor.
Eu continuo sem perceber porque é que a Direita tem tanto problema em assumir-se. Será que não se sentem confortáveis ou seguros com as suas opiniões? Assim que o barco treme, é a debandada geral. Depois da maior derrota desde o 25 de Abril toda a gente deserta o campo politico da Direita, o CDS/PP ainda não tem candidato sério, os dois candidatos do PSD reclamam o centro quando não o centro-esquerda e os tenores da Direita continuam a culpar os militares de Abril e falam de uma mítica refundação como se tratasse de uma obra alquimica. Se refundirem latão não vão encontrar ouro, apenas o cobre e o zinco iniciais.
terça-feira, março 15, 2005
De quando em vez, uma boa notícia
Ainda bem.
O dever de memória 2
Vem isto a propósito de estar em curso um projecto para transformar a sede da PIDE num condomínio privado. Há meses que se sabe disso e, no passado Sábado, realizou-se um ajuntamento (não sei se se pode chamar aquilo uma manif.) de protesto. Vários orgãos da comunicação social noticiaram o assunto (e.g. o Correio da Manhã).
As guerras da Direita
Saibamos nós fazer igual.
Os medicamentos nos supermercados
Lembro que, nos USA, os supermercados incluem uma secção de farmácia (suponho que com um farmacêutico) que avia tudo. Incluindo éticos. E não consta que a FDA seja mais relaxada que o Ministério da Saúde.
Aplaudamos a coragem do novo Governo Socialista de se atacar, logo no seu discurso de tomada de posse, ao poderoso lobby da ANF. Não creio que ao Eng.º José Sócrates anime algum ódio particular contra os farmacêuticos. É pois, na minha imodesta opinião e na sempre válida e importante opinião do Professor Marcello, uma forma de dizer que não vai em grupos de pressão. E, por isso, parabéns.
segunda-feira, março 14, 2005
Pedro Santana Lopes, o regresso
Mourinho
O futebol é um desporto de gentlemen jogado por arruaceiros e o
raguebi é um desporto de arruaceiros jogado por gentlemen.
A entrevista de Maria José Nogueira Pinto
Além desta frase espantosa, a Dr.ª Mª José Nogueira Pinto enfiou mais uns preguitos no caixão politico do inenarrável Santana Lopes, com os quais acabou (ou continuou) a vingar a aba dos leões. Aproveitando a recente nomeação para as Necessidades, Mª José Nogueira Pinto arrasou completamente Diogo Freitas do Amaral fazendo questão de realçar que só se tinha aproximado do CDS/PP depois do professor de direito administrativo ter deixado o partido. Á boleia do fundador do partido, continuou a assassinar os ex-presidentes insinuando que alguns deles (não especificou) se aproveitaram do Partido para os seus fins pessoais.
Acrescentou que o CDS/PP tinha vivido de lideranças personalizadas (as de Paulo Portas e de Manuel Monteiro) e que isso não assegurava a sobrevivência do partido. Mais acrescentou que ela não era candidata à presidência do CDS/PP porque a sua mobilidade na área da Direita é maior que o partido a que pertence.
Para além da “fase assassina” da entrevista, a Dr.ª Mª José Nogueira Pinto explicou a sua visão da Direita:
- Existe um confusionismo na politica portuguesa derivada do 25 de Abril por causa do pacto MFA/Partidos.
- Existe uma “pressão da agenda mediática” da “ditadura intelectual de Esquerda” (sic.) que proíbe entre outras coisas cantar o hino nacional e ter uma bandeira nacional em casa.
- É portanto necessário refundar a Direita , seja no plano das ideias seja no plano partidário e ela pensa ter um papel a desempenhar em ambos os planos.
A propósito das próximas presidenciais, Maria José Nogueira Pinto disse que a campanha das presidenciais é muito mais uma campanha de ideias do que foram as legislativas e será um grande confronto entre a Esquerda e a não-Esquerda. Assim mesmo “não-Esquerda”, porque ela tem dificuldade em colocar o Professor Cavaco nas famílias da Direita. Mas nesse caso, porque é que faz dele o seu porta bandeira. Para ganhar a todo o custo. Ou para ir à boleia de um homem, cujo pensamento até é social democrata? Foi a única nota de ligeira incoerência que destoou de uma entrevista assombrosamente frontal. Pena é que a espantosa arrogância intelectual que aparentemente a Senhora tem, não tenha sido mantida sobre controlo durante aqueles 60 minutos. Não faria nada mal a quem pretende (?) congregar pessoas.
Moral da Historia: Temos Mulher. Enfim, nós não, que eu sou de Esquerda. A Direita tem Mulher. E como não parece ter mais ninguém ao menos tem a Senhora Doutora que crê firmemente que tem uma grande importância no futuro politico deste Pais e da Direita em particular. E isto talvez fosse um ataque de modéstia da parte da Senhora, não sei, que não a conheço pessoalmente.
Em comum com a Senhora Doutora eu só tenho duas coisas:
- Ambos continuamos a dividir as coisas entre Esquerda e Direita. E nisto lutamos contra os que insistem que esta divisão já desapareceu. Nota: Eu acho é que, para muitas coisas, esta divisão não é suficiente e que, de qualquer maneira, não é monolítica. Sobre isso não sei qual é a posição da Senhora.
- Ela é resolutamente de Direita. Eu cá sou de Esquerda, mas como ela não me conhece não tem opinião sobre mim. Mas sobre ela concordamos ambos.
Muitas coisas me separam da Dr.ª Maria José Nogueira Pinto. Mas respeito a sua coerência, verticalidade e coragem. E compartilhamos a convicção num mesmo referencial Esquerda/Direita e na necessidade de clarificação e posicionamento.
Somos primeiros
Vamos ganhar o Campeonato e a Taça. Espero eu. Que assim seja.
domingo, março 13, 2005
Errei
sexta-feira, março 11, 2005
O calendário eleitoral próximo
Manter essa vantagem vai ser difícil nas autárquicas onde o peso das personalidades dos candidatos amortece (positiva e negativamente) o impacto das vagas de fundo nacionais. Adicionalmente, o PS tem, nestas autárquicas, o problema de encontrar nomes para Lisboa e Porto. O caso do Porto não sigo com atenção e, inversamente, Lisboa sigo com o coração nas mãos. É a minha cidade e o meu Partido e, logo, estou duplamente preocupado com a escolha do nome que o Secretariado Nacional vai “impor” à Concelhia e à FAUL.
Mais complicado ainda é o panorama presidencial. A 9 meses das eleições ainda não se sabe que representará a Direita e a Esquerda. Tal como em Lisboa há uma plêiade de candidatos a candidatos, possíveis prováveis e outros “fantasmas”. Nomes confirmados poucos.
Com estes dois berbicachos pela frente é compreensível que o PS esteja a “atirar mais para a frente” os referendos que, apesar de serem dois “Sim” razoavelmente consensuais não provocam a unanimidade dentro do Partido e, muito menos, fora. No caso do aborto o PS já foi batido uma vez e, seguramente, não deseja assistir a uma repetição. Mas, a tal acontecer, que seja depois de passadas as outras datas eleitorais.
Sentindo a fraqueza do partido maioritário, a oposição já começou a pedir urgência no agendamento dos dois referendos. À Esquerda o BE pede a marcação ASAP do referendo sobre a descriminalização da IVG, seguindo fiel aos seus compromissos eleitorais e obedecendo aos seus imperativos de consciência.
À Direita o PSD aposta em fazer o PS parecer incumpridor e reclama o referendo do Tratado Constitucional como uma promessa feita ao eleitorado.
Confesso que estou pouco motivado para a discussão do aborto, onde considero inevitável um desfecho que me desagrada. No caso do Tratado estou profundamente dividido – eu queria desesperadamente votar “Sim” mas ainda não encontrei boas razões. Até ao fim do Verão lerei religiosamente as centenas de paginas (anexos incluídos) e outras tantas de “prós-“ e “contras-“.
Espero, mas não acredito, que se gere um verdadeiro debate sobre a Europa. No entanto temo que, com o adiamento da data, se gere um clima de “facto consumado”. Já todos os outros votaram e nós só temos que dizer que Sim. O que seria mais uma oportunidade perdida para discutir, informar e educar.
quinta-feira, março 10, 2005
A Direita que temos
Quando as divas da (extrema ?) direita reconhecem a mediocridade, falta de coragem e hipocrisia da sua área politica, não esperem que este vosso amigo, que até é filiado no PS contradiga o Dr. Monteiro.
Se existe uma Direita à direita do CDS/PP onde é que ela está? Nos 40 mil votantes do PND? Ou a Direita nacional é, como defende o Dr. Monteiro, uma série de acomodados falsos e mentirosos?
Já teria ocorrido a esses senhores que não existe maior receptividade às suas ideias, simplesmente porque elas não valem um caracol e porque estão ainda mais ultrapassadas que as da Esquerda mais cristalizada? Ou que os seus companheiros ideológicos não passam de fala baratos ?
O primeiro passo para a refundação da Direita é reconhecer que ela própria tem/é um problema e deixar de se escusar com os outros. De certa maneira é como os AA.
Garanto que, à Esquerda, existe a noção que existe um enorme problema ideológico, de quadros e de coragem politica na nossa área. E existe a preocupação de o resolver, começando por o aceitar. Basta ver os alertas que são públicos, desde os USA (e.g. Moveon.org ou M. More) até à França (e.g. ATTAC) ou Itália (e.g. os girotondi do Nanni Moretti).
quarta-feira, março 09, 2005
Só quem não trabalha é que não faz asneiras. Mas isto já é abusar.
Só quem nada faz pode clamar nunca ter errado. Mas começa a ser demais. Não é boa politica matar aliados. Para mais se são relutantes. A senhora é repórter de Il Manifesto, que é um pasquim muito radical mesmo para mim. Nem quero imaginar a festa que foi.
Estas asneiras não são suficientes para alinhar com Freitas do Amaral no seu discurso anti-americano. Mas começa a ser cada vez mais difícil ser, como sou, razoavelmente pró-americano.
segunda-feira, março 07, 2005
Garotadas
É que a Direita tem ódio ao PS. Mais do que a qualquer outra formação politica. Porque o PS representa tudo aquilo que ela não é – democrata, progressista, laica, republicana, humanista, libertaria entre outras. É também porque foi o PS que estancou (com a ajuda de todos os democratas da Esquerda e da Direita) a ofensiva estalinista, que deu cidadania ao mercado e que nos liderou para a União. Com estes actos o PS resgatou-se do marxismo e não pode ser arrumado para de baixo do tapete da Historia como a Direita faz com os comunistas.
Somos de Esquerda por múltiplas razões e mais uma – a que não somos de Direita. E por todas estas razões a nossa Direita não nos grama nem com molho de tomate. Como disse Freitas do Amaral: “A Direita portuguesa é salazarista”.
sexta-feira, março 04, 2005
O Governo, observações a quente
A abertura à sociedade civil por parte dos Partidos é desajável. Mas tanto não. Até mesmo porque um Governo é um orgão politíco e não uma comissão tecnocrática.
Não quero dizer que basta 15 anos de trabalho partidário para chegar a Ministro. É evidente que os ministros devem ser competentes (politicamente competentes) nas àreas para as quais são nomeados. Mas devem ser escolhidos de entre o universo dos competentes de confiança política e não de entre os competentes tout court. Ou afinal de contas não há competentes com cartão? Toda a gente que é filiada é burra?
Dizendo isto devo acrescentar que, a priori, o Governo me parece bom. É reduzido, o que potencia coerencia e eficácia e pressagia bom senso e economia de meias. Está recheado de caras novas o que pode ser sinal de uma desejada renovação dos quadros e dos dirigentes da Esquerda. Está razoavelmente impoluto da dita tralha guterrista. Os nomeados chegam aureolados pela competencia.
Os 30 dinheiros de Diogo Freitas de Amaral
Diogo Freitas do Amaral é um homem notável. Diz quem foi seu aluno que é um excelente professor. Teve a coragem (politica e por vezes física) de fundar o CDS em 74 e de votar contra a Constituição em 76. Quando o Partido que fundou se afastou do caminho da democracia cristã que ele tinha desejado e se alinhou demasiado à Direita, afastando-se do centro, ele afastou-se do CDS.
O seu percurso inclui vários momentos altos, como por exemplo a sua falhada campanha presidencial, e momentos menos felizes, como os dias de férias parlamentares em que formalmente (re)ocupava o seu lugar, para justificar a reforma.
É um politico com créditos reconhecidos no âmbito das relações internacionais que culminou com a Presidência da Assembleia Geral da ONU. Por todas estas razões a sua nomeação para MNE devia ser inatacável.
No entanto, a leitura que este cargo paga a entrevista à Visão é inevitável. Redutora sem duvida, injusta provavelmente, mas inevitável. E em politica, o que parece, muitas vezes é. E portanto devia ter sido evitado. Não faltará quem diga que a melhor maneira de chegar ao Governo não são 10 anos de trabalho partidário mas 10 minutos de entrevista à comunicação social.
Repensar a Esquerda 3: O futuro e o passado do PSD
Não há duvida que assim foi no seu inicio. Recordo os advogados republicanos e oposicionistas do Norte que não entraram no PS porque não gostavam de Mario Soares e foram seduzidos por Sá Carneiro, Emídio Guerreiro que tinha (tem) problemas não resolvidos com o “caso da Figueira da Foz” e por isso não entrou no PS, Sá Carneiro e Pinto Balsemão que pediram a entrada do seu recém formado partido na Internacional Socialista e que Soares não deixou, Sá Carneiro que dizia “nós somos como o coração: ao centro, ligeiramente para a Esquerda”. Todos estes elementos recordam-nos a existência de elementos de Esquerda na fundação do então PPD. Até mesmo porque o panorama politico da altura era todo à Esquerda.
Mas esses elementos não fizeram do partido um partido de Esquerda. O PPD era, sempre foi, um partido de centro direita. Pese embora alguns dirigentes e quadros e, eventualmente, a declaração de princípios (quem sabe, ou se lembra, o que se escreveu nesses anos?). O que posiciona o PPD no centro direita é a sua postura, a realidade das bases e as posições que foi tomando.
A grande maioria da sua base social de apoio e dos seus militantes é de centro direita. Aliás as bases sempre se sentiram mais próximas da AD de Sá Carneiro e da aliança recente com o PP do que se sentiram do Bloco Central. Basta recordar o que Carlos da Mota Pinto sofreu em inúmeros Conselhos Nacionais.
Quanto às posições sempre defendidas pelo Partido, elas foram consistentemente ao centro direita do leque das posições publicas defendidas pelos vários partidos. Mesmo que hoje elas pareçam mais de Esquerda do que de Direita, na altura não era essa a realidade. Ser de Esquerda ou de Direita não pode ser avaliado com os olhos de 2005 sobre posições tomadas em 78 ou 84. Ser de Esquerda ou de Direita é avaliado pelas posições tomadas em naqueles anos, pelos olhos daqueles anos. E sempre foram mais à direita do que as do PS, para citar um referencial inquestionável.
Isto não altera a existência de pessoas de centro esquerda no PPD/PSD. Recordemos os já citados Emídio Guerreiro (que presidiu ao Partido e depois se afastou), Carlos da Mota Pinto (que se afastou durante anos, nomeadamente na época em que foi Primeiro Ministro), António de Sousa Franco (que também presidiu ao PSD e que morreu em campanha pelo PS, se bem que como independente) ou o actual Secretário Geral do PS, o meu camarada José Sócrates, que em tempos idos foi filiado na JSD. Péchés de jeunesse.
Mas podemos perguntar-nos se ainda será verdade. Ou seja se ainda as há, essas pessoas de centro-esquerda dentro do PPD/PSD. Parece-me que a resposta é que, evidentemente, sim. Os expurgos dos “Inadiáveis”, da ASDI e os outros, não chegaram para apagar os restos de uma matriz iniciadora.
Mas são gente enganada, que está mal, que será sempre malquerida e mal amada pelas bases em quem nunca poderá confiar. O lugar deles é no PS, ou num outro partido de centro esquerda a formar. Mas não é num PSD que de Social Democrata pode ter o nome mas não tem a alma.
Repensar a Esquerda passa também por clarificar todo o espectro politico e, igualmente, por repensar a Direita. Aja a coragem de o fazer agora e possa o próximo Congresso do PPD/PSD servir para isso.
Eu espero sinceramente que do Congresso de Pombal surja um claro posicionamento do PSD como o partido do centro direita e o definitivo afastamento dos poucos elementos de centro esquerda que aí subsistem.
quinta-feira, março 03, 2005
Repensar a Esquerda 2
Acrescento que, o actual debilidade da Direita, que prevejo confirmada nas principais Camaras Municipais, lhes permite também o folego necessario para se refundirem.
terça-feira, março 01, 2005
Notas do dia
A correr, algumas notas:
- A TSF, e o resto da Lusomundo Média foi comprada pelo grupo de Joaquim Oliveira, até aqui dedicado apenas à informação desportiva. Saberá este grupo saltar do seu meio original (o desporto) para a comunicação em geral? Haverá impacto nos diversos media. Estou particularmente preocupado com a TSF que, como já disse, é uma das minhas fontes de informação preferencial e previlegiada. De notar que, em principio e por principio, aplaudo a venda da parte da PT; no entanto confesso-me desatento dos detalhes.
- Eu não vi "O Aviador" (nem penso ver que a vida do excêntrico milionário não me interessa), "Ray" (que também não penso ver, sou fã da musica mas não estou interessado na vida do musico) ou "Million Dollar Baby". Mas estou seguro da justeza (e da justiça) da escolha. O ex-actor de western italiano tornou-se não só um excelente actor como é um óptimo realizador.
- A TSF (sempre ela) diz-me que, nos USA, foi abolida a pena de morte para menores. Ainda bem. Agora é preciso abolir a pena de morte para todos os outros casos.
- Está un frio de rachar.
No jobs for the boys
- Um governo conservador vai implementar uma política de combate à SIDA que poderá passar por fazer grandes campanhas a enaltecer os valores da castidade e da monogamia.
- Um governo mais liberal socialmente aposta na distribuição de preservativos gratuitos nos pátios dos liceus e na troca gratuita de seringas para os toxicodependentes.
- A total diversidade de políticas aconselha perfis diferentes para dirigir o organismo encarregue da luta contra a SIDA.
- Ou seja, não é uma simples questão técnica. Na grande maioria dos casos há sérias razões politícas para se querer nomear uma pessoa profundamente empenhada no programa que o novo Governo se propõe implementar.
É por essa razão que, sempre que muda o Governo se assiste a uma impressionante troca de cadeiras em vários níveis da Administração. O mais flagrante exemplo deste tipo de mudança é a Administração Americana onde, nos Janeiros de 4 em 4 anos, milhares de quadros trocam de emprego porque "caem" com a Administração que os nomeou.
No outro extremo do espectro é costume colocar a Grã-Bretanha com o seu reputadamente impecável civil servant, capaz de implementar cegamente a política imposta pelos seus mestres e senhores, sejam eles quem forem. Apenas 2 notas:
- Os Quangos gerem para cima de um quarto do Orçamento do Governo de Sua Graciosa Magestade.
- Estão recordados da série "Yes Minister"?
Quer dizer o sistema britânico também tem a sua dose de nomeações e o seus inconvenientes.
O grande problema no sistema de nomeações nacionais são os direitos adquiridos, as promoções inerentes a ter sido desempenhado um cargo numa letra acima, ou outras palermices do mesmo teor. Mas o que tem que mudar é o funcionalismo público, com a sua obsoleta estrutura e os seus interesses instituídos e instalados. O sistema de nomeações políticas, se bem que possa ser aperfeiçoado, não é intrinsecamente um grande mal.
Vem isto a propósito do espectáculo de bastidores dos boys e das girls que procuram colocar-se a jeito para um lugar num gabinete, um posto de assessor num qualquer Quango ou para os mais graúdos, nos Boards.
Não está mal. É normal. É mesmo saudável porque é um sinal da democracia real, que é a que temos e que sendo perfectível é a possível. Nada a dizer sobre o fundo. Nem se calhar sobre a forma que, estando afastado dos circulos do Poder desconheço em absoluto. Mas não é um bonito espectáculo.