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sexta-feira, março 04, 2005

 

Repensar a Esquerda 3: O futuro e o passado do PSD

Domingo à noite Luis Filipe Menezes (Presidente da Câmara Municipal de Gaia e candidato a Presidente do PSD) disse no programa “Diga lá Excelência” da 2: que no seu partido existem pessoas de centro-esquerda. Ou pelo menos foi isso que me pareceu. Confesso que apenas lhe emprestei uma orelha distraída. Pensando sobre o assunto, talvez seja verdade.

Não há duvida que assim foi no seu inicio. Recordo os advogados republicanos e oposicionistas do Norte que não entraram no PS porque não gostavam de Mario Soares e foram seduzidos por Sá Carneiro, Emídio Guerreiro que tinha (tem) problemas não resolvidos com o “caso da Figueira da Foz” e por isso não entrou no PS, Sá Carneiro e Pinto Balsemão que pediram a entrada do seu recém formado partido na Internacional Socialista e que Soares não deixou, Sá Carneiro que dizia “nós somos como o coração: ao centro, ligeiramente para a Esquerda”. Todos estes elementos recordam-nos a existência de elementos de Esquerda na fundação do então PPD. Até mesmo porque o panorama politico da altura era todo à Esquerda.

Mas esses elementos não fizeram do partido um partido de Esquerda. O PPD era, sempre foi, um partido de centro direita. Pese embora alguns dirigentes e quadros e, eventualmente, a declaração de princípios (quem sabe, ou se lembra, o que se escreveu nesses anos?). O que posiciona o PPD no centro direita é a sua postura, a realidade das bases e as posições que foi tomando.

A grande maioria da sua base social de apoio e dos seus militantes é de centro direita. Aliás as bases sempre se sentiram mais próximas da AD de Sá Carneiro e da aliança recente com o PP do que se sentiram do Bloco Central. Basta recordar o que Carlos da Mota Pinto sofreu em inúmeros Conselhos Nacionais.

Quanto às posições sempre defendidas pelo Partido, elas foram consistentemente ao centro direita do leque das posições publicas defendidas pelos vários partidos. Mesmo que hoje elas pareçam mais de Esquerda do que de Direita, na altura não era essa a realidade. Ser de Esquerda ou de Direita não pode ser avaliado com os olhos de 2005 sobre posições tomadas em 78 ou 84. Ser de Esquerda ou de Direita é avaliado pelas posições tomadas em naqueles anos, pelos olhos daqueles anos. E sempre foram mais à direita do que as do PS, para citar um referencial inquestionável.

Isto não altera a existência de pessoas de centro esquerda no PPD/PSD. Recordemos os já citados Emídio Guerreiro (que presidiu ao Partido e depois se afastou), Carlos da Mota Pinto (que se afastou durante anos, nomeadamente na época em que foi Primeiro Ministro), António de Sousa Franco (que também presidiu ao PSD e que morreu em campanha pelo PS, se bem que como independente) ou o actual Secretário Geral do PS, o meu camarada José Sócrates, que em tempos idos foi filiado na JSD. Péchés de jeunesse.

Mas podemos perguntar-nos se ainda será verdade. Ou seja se ainda as há, essas pessoas de centro-esquerda dentro do PPD/PSD. Parece-me que a resposta é que, evidentemente, sim. Os expurgos dos “Inadiáveis”, da ASDI e os outros, não chegaram para apagar os restos de uma matriz iniciadora.

Mas são gente enganada, que está mal, que será sempre malquerida e mal amada pelas bases em quem nunca poderá confiar. O lugar deles é no PS, ou num outro partido de centro esquerda a formar. Mas não é num PSD que de Social Democrata pode ter o nome mas não tem a alma.

Repensar a Esquerda passa também por clarificar todo o espectro politico e, igualmente, por repensar a Direita. Aja a coragem de o fazer agora e possa o próximo Congresso do PPD/PSD servir para isso.

Eu espero sinceramente que do Congresso de Pombal surja um claro posicionamento do PSD como o partido do centro direita e o definitivo afastamento dos poucos elementos de centro esquerda que aí subsistem.

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