segunda-feira, março 14, 2005
A entrevista de Maria José Nogueira Pinto
Além desta frase espantosa, a Dr.ª Mª José Nogueira Pinto enfiou mais uns preguitos no caixão politico do inenarrável Santana Lopes, com os quais acabou (ou continuou) a vingar a aba dos leões. Aproveitando a recente nomeação para as Necessidades, Mª José Nogueira Pinto arrasou completamente Diogo Freitas do Amaral fazendo questão de realçar que só se tinha aproximado do CDS/PP depois do professor de direito administrativo ter deixado o partido. Á boleia do fundador do partido, continuou a assassinar os ex-presidentes insinuando que alguns deles (não especificou) se aproveitaram do Partido para os seus fins pessoais.
Acrescentou que o CDS/PP tinha vivido de lideranças personalizadas (as de Paulo Portas e de Manuel Monteiro) e que isso não assegurava a sobrevivência do partido. Mais acrescentou que ela não era candidata à presidência do CDS/PP porque a sua mobilidade na área da Direita é maior que o partido a que pertence.
Para além da “fase assassina” da entrevista, a Dr.ª Mª José Nogueira Pinto explicou a sua visão da Direita:
- Existe um confusionismo na politica portuguesa derivada do 25 de Abril por causa do pacto MFA/Partidos.
- Existe uma “pressão da agenda mediática” da “ditadura intelectual de Esquerda” (sic.) que proíbe entre outras coisas cantar o hino nacional e ter uma bandeira nacional em casa.
- É portanto necessário refundar a Direita , seja no plano das ideias seja no plano partidário e ela pensa ter um papel a desempenhar em ambos os planos.
A propósito das próximas presidenciais, Maria José Nogueira Pinto disse que a campanha das presidenciais é muito mais uma campanha de ideias do que foram as legislativas e será um grande confronto entre a Esquerda e a não-Esquerda. Assim mesmo “não-Esquerda”, porque ela tem dificuldade em colocar o Professor Cavaco nas famílias da Direita. Mas nesse caso, porque é que faz dele o seu porta bandeira. Para ganhar a todo o custo. Ou para ir à boleia de um homem, cujo pensamento até é social democrata? Foi a única nota de ligeira incoerência que destoou de uma entrevista assombrosamente frontal. Pena é que a espantosa arrogância intelectual que aparentemente a Senhora tem, não tenha sido mantida sobre controlo durante aqueles 60 minutos. Não faria nada mal a quem pretende (?) congregar pessoas.
Moral da Historia: Temos Mulher. Enfim, nós não, que eu sou de Esquerda. A Direita tem Mulher. E como não parece ter mais ninguém ao menos tem a Senhora Doutora que crê firmemente que tem uma grande importância no futuro politico deste Pais e da Direita em particular. E isto talvez fosse um ataque de modéstia da parte da Senhora, não sei, que não a conheço pessoalmente.
Em comum com a Senhora Doutora eu só tenho duas coisas:
- Ambos continuamos a dividir as coisas entre Esquerda e Direita. E nisto lutamos contra os que insistem que esta divisão já desapareceu. Nota: Eu acho é que, para muitas coisas, esta divisão não é suficiente e que, de qualquer maneira, não é monolítica. Sobre isso não sei qual é a posição da Senhora.
- Ela é resolutamente de Direita. Eu cá sou de Esquerda, mas como ela não me conhece não tem opinião sobre mim. Mas sobre ela concordamos ambos.
Muitas coisas me separam da Dr.ª Maria José Nogueira Pinto. Mas respeito a sua coerência, verticalidade e coragem. E compartilhamos a convicção num mesmo referencial Esquerda/Direita e na necessidade de clarificação e posicionamento.