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terça-feira, março 01, 2005

 

No jobs for the boys

"No jobs for the boys" foi uma infeliz frase de António Guterres. O dito perseguiu-o durante todo o seu consulado em São Bento e ficará colado à sua pele até à sua reforma política. Mais do que isso, entrou no anedotário político nacional e ganhou um estatuto próprio, como o "Olhe que não Sr. Dr., olhe que não" do frente a frente Mário Soares/Álvaro Cunhal.

Os jobs para os boys não são uma frase a atirar só aos socialistas. Se bem que a frase atinja mais a família de quem a largou, ela também pode ser atirada a outros quadrantes e foi largamente utilizada na orgia de nomeações que o "governo de gestão" do inenarrável Dr. Lopes campeou.


Na questão das nomeações é preciso deixar bem claro que, em todos os sistemas, há muitos cargos de nomeação política. São de nomeação política porque são cargos de confiança política. E que estes são muito mais do que se poderia pensar.


Eu não conheço minimamente as políticas de combate à SIDA. Por isso o exemplo que vou dar é puramente académico e destinado apenas a ilustrar o meu ponto de vista.

É por essa razão que, sempre que muda o Governo se assiste a uma impressionante troca de cadeiras em vários níveis da Administração. O mais flagrante exemplo deste tipo de mudança é a Administração Americana onde, nos Janeiros de 4 em 4 anos, milhares de quadros trocam de emprego porque "caem" com a Administração que os nomeou.

No outro extremo do espectro é costume colocar a Grã-Bretanha com o seu reputadamente impecável civil servant, capaz de implementar cegamente a política imposta pelos seus mestres e senhores, sejam eles quem forem. Apenas 2 notas:

Quer dizer o sistema britânico também tem a sua dose de nomeações e o seus inconvenientes.

O grande problema no sistema de nomeações nacionais são os direitos adquiridos, as promoções inerentes a ter sido desempenhado um cargo numa letra acima, ou outras palermices do mesmo teor. Mas o que tem que mudar é o funcionalismo público, com a sua obsoleta estrutura e os seus interesses instituídos e instalados. O sistema de nomeações políticas, se bem que possa ser aperfeiçoado, não é intrinsecamente um grande mal.

Vem isto a propósito do espectáculo de bastidores dos boys e das girls que procuram colocar-se a jeito para um lugar num gabinete, um posto de assessor num qualquer Quango ou para os mais graúdos, nos Boards.

Não está mal. É normal. É mesmo saudável porque é um sinal da democracia real, que é a que temos e que sendo perfectível é a possível. Nada a dizer sobre o fundo. Nem se calhar sobre a forma que, estando afastado dos circulos do Poder desconheço em absoluto. Mas não é um bonito espectáculo.


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