terça-feira, março 01, 2005
No jobs for the boys
- Um governo conservador vai implementar uma política de combate à SIDA que poderá passar por fazer grandes campanhas a enaltecer os valores da castidade e da monogamia.
- Um governo mais liberal socialmente aposta na distribuição de preservativos gratuitos nos pátios dos liceus e na troca gratuita de seringas para os toxicodependentes.
- A total diversidade de políticas aconselha perfis diferentes para dirigir o organismo encarregue da luta contra a SIDA.
- Ou seja, não é uma simples questão técnica. Na grande maioria dos casos há sérias razões politícas para se querer nomear uma pessoa profundamente empenhada no programa que o novo Governo se propõe implementar.
É por essa razão que, sempre que muda o Governo se assiste a uma impressionante troca de cadeiras em vários níveis da Administração. O mais flagrante exemplo deste tipo de mudança é a Administração Americana onde, nos Janeiros de 4 em 4 anos, milhares de quadros trocam de emprego porque "caem" com a Administração que os nomeou.
No outro extremo do espectro é costume colocar a Grã-Bretanha com o seu reputadamente impecável civil servant, capaz de implementar cegamente a política imposta pelos seus mestres e senhores, sejam eles quem forem. Apenas 2 notas:
- Os Quangos gerem para cima de um quarto do Orçamento do Governo de Sua Graciosa Magestade.
- Estão recordados da série "Yes Minister"?
Quer dizer o sistema britânico também tem a sua dose de nomeações e o seus inconvenientes.
O grande problema no sistema de nomeações nacionais são os direitos adquiridos, as promoções inerentes a ter sido desempenhado um cargo numa letra acima, ou outras palermices do mesmo teor. Mas o que tem que mudar é o funcionalismo público, com a sua obsoleta estrutura e os seus interesses instituídos e instalados. O sistema de nomeações políticas, se bem que possa ser aperfeiçoado, não é intrinsecamente um grande mal.
Vem isto a propósito do espectáculo de bastidores dos boys e das girls que procuram colocar-se a jeito para um lugar num gabinete, um posto de assessor num qualquer Quango ou para os mais graúdos, nos Boards.
Não está mal. É normal. É mesmo saudável porque é um sinal da democracia real, que é a que temos e que sendo perfectível é a possível. Nada a dizer sobre o fundo. Nem se calhar sobre a forma que, estando afastado dos circulos do Poder desconheço em absoluto. Mas não é um bonito espectáculo.