.comment-link {margin-left:.6em;}

quinta-feira, novembro 04, 2004

 

Eleicoes americanas 3

Numa eleição uninominal tão importante como o candidato em que se vota é aquele em que não se quer votar.

Desde que as primarias desenharam o cenário final (George W. Bush vs. John F. Kerry) que a coisa perdeu muito interesse. Isto porque qualquer deles é um candidato de compromisso. Há gente muito mais radical em cada um dos lados. Ou, pelo menos com ideias mais radicais. John McCain e Howard Dean por exemplo. E essa gente seria muito mais interessante porque viria trazer para o debate qualquer coisa de diferente. Repito-me: qualquer coisa de radical.

Kerry é um moderado no seu partido. Mais à sua Esquerda estão (ou pelo menos, a mim parecem-me) Howard Dean, Al Gore, Hillary Rodham Clinton ou Ted Kennedy. Isto para citar só alguns dos ex-candidatos ou potenciais futuros e já para não falar de personalidades “folclóricas” como Al Sharpton que não pode, em toda a verdade, ser considerado um sério candidato ou, sequer, um candidato sério. Não por causas étnicas (se bem que isso fosse um potencial handicap) mas, e principalmente, pela sua atitude. O mesmo Kerry é também mais fácil de “fazer passar” que Joe Lieberman que está (me parece) à sua Direita.

George W. Bush dificilmente parece um moderado. Mas ele é o incumbente. Há 4 anos ele foi escolhido entre outras opções que seriam bem mais polémicas como a actual Senadora Doyle, o Embaixador Alan Keyes, o então Senador e hoje Secretario da Justiça Ashcroft, o Senador McCain, Gary Bauer ou Pat Buchanan. Os 4 anos do seu primeiro mandato foram bastante divisivos, mas George W. Bush chegou à Casa Branca com a fama de ter feito uma politica “bi partisan” durante o seu governorado texano, assegurando, e augurando, uma presidência “as a unifier not a divider”.

Qualquer dos candidatos foi escolhido (Kerry em 2004, Bush Jr. em 1999) pelo seu Partido como o mais aceitável de entre o lote de concorrentes às primárias. Não tanto que representem a “alma” dos seus Partidos ou que sejam líderes no campo das ideias e convicções. São tão simplesmente e apenas “o melhor candidato” para ganhar.

Podemos argumentar que um Partido é um conjunto heterogéneo de pessoas que não pensam em uníssono sobre 100% dos assuntos. Para mais num sistema bipolarizado como o norte-americano onde os dois maiores, e virtualmente únicos Partidos, tendem a ser a “casa mãe” da Esquerda e da Direita. Que dentro destas grandes tendas se debatem e degladiam varias correntes e que o seu porta bandeira deve ser “middle of the road” e não um extremista engajado com uma facção. Para evitar alienar dentro e, sobretudo, fora.

É um argumento que colhe mas não explica tudo. Creio a “elegibilidade” um factor importante nas escolhas dos Partidos norte americanos.

É assim que se escolhem os candidatos na mais importante democracia do Mundo.

E não só.

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?