.comment-link {margin-left:.6em;}

terça-feira, novembro 09, 2004

 

O Candidato da Verdade

Eu estava a pensar deixar de falar de Politica e das eleições americanas e falar de outra coisa. De Cinema por exemplo. No entanto, dada a penúria da oferta das salas, acabei a ir ver o remake de “The Manchurian Candidate” protagonizado por Denzel Washington. Não deve ter sido inocente a escolha das distribuidoras cinematográficas de programar um filme sobre as eleições presidenciais norte-americanas para o início de Novembro. E o meu gosto pela Politica não me deixaria passar ao lado deste filme. Por isso, e apenas de raspão, continua a falar de eleições americanas.

O filme em exibição é um thriller competente que ocupa agradavelmente o tempo e, no fim, não se sai da sala com a convicção de termos sido roubados do nosso dinheiro.

Mas não é um filme excepcional e, na memória de quem viu ambos, “The Manchurian Candidate” será sempre um título evocativo do original com Frank Sinatra, Angela Landsbury (a da série “Muder, she wrote” e da versão de “Morte no Nilo” com Ustinov e Birkin), Janet Leigh (de Psycho) e outros. Este passava-se durante a Guerra Fria e era necessário vê-lo sobre o perigo da ameaça soviética. Creio que para os jovens que se tornaram adultos depois da queda do Muro o filme original poderá parecer tão ridículo como Natasha Fatale e Boris Badenov. Mas para aqueles que começamos a ver telejornais e a ter interesse pelo Mundo fora da nossa rua e dos nossos recreios antes do fim da década de 70, a imagem com que crescemos das tropas a desfilar em passo de ganso pela Praça Vermelha dá um toque de realismo à trama.

Não deixa de ser interessante de verificar que “os maus” do file actual são “Big Business”. Hollywood pode ter uma “hidden agenda” mas também é uma operação comercial. Aliás, é principalmente uma operação comercial. E dá ao público aquilo que ele quer ou, pelo menos, não rejeita. Há aqui uma reveladora escolha, que não é evidente. Se, por exemplo, o vilão de Erin Brockovich não podia ser outro que a “grande, malvada corporação”, aqui podia muito bem ser Saddam Hussein ou Usama. Se o realizador ou os argumentistas fizeram essa opção é porque assim o entenderam. Mas se os estúdios estão dispostos a arriscar a escolha é porque pensam que as audiências o aceitam. Este é um interessante sinal de que a percepção de quem são os inimigos da classe média americana (aqueles que pagam bilhetes, alugam vídeos e compram DVDs) está a mudar. Mas não embandeiremos em arco que eles acabaram de (re)eleger Dubbya.

Uma nota final: quem está no Senado é a personagem interpretada por Meryl Streep quando, se a memoria me não falha, Angela Landsbury era apenas a esposa de um Senador. Também aqui, muitos e grandes passos foram dados nestes 40 anos.

O Cinema, mais do que a Literatura ou qualquer das Artes Plásticas é a grande Arte de massas do XX e do início deste XXI séculos. Por isso ele é tão repórter como actor da vida da Cidade.

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?