terça-feira, dezembro 07, 2004
As explicações de Sampaio tardam
A queda do Governo e a dissolução da Assembleia da República apanhou-me de surpresa. Não esperava que o Presidente Sampaio procedesse nessa direcção, pelo menos no actual momento.
Eu fui dos poucos que se situam à Esquerda que apoiou a decisão de Jorge Sampaio de nomear o inenarrável Santana Lopes. Como todos, eu não reconhecia ao ainda Primeiro Ministro legitimidade politica, mas era para mim inegável a legitimidade constitucional, parlamentar e mesmo democrática da nomeação.
Um dos problemas do nosso regime parlamentar é que ele está pela sua pratica pervertido. Ou seja, formalmente elegemos uma AR mas, no intimo de muitos votantes e nos outdoors dos principais partidos, escolhemos o responsável pela Presidência do Conselho de Ministros. Aqueles que, como eu, somos adeptos do reforço do Parlamento e o retorno àquilo que diz a Constituição (ou à revisão do edifício constitucional) se não aplaudiram a escolha presidencial, pelo menos aceitaram-na sem embaraços ou criticas desajustadas e veementes.
Confesso que achei excessiva e inusitada as chamadas “condições impostas” pelo Presidente. Não compete a Belém ditar politicas, apenas velar que elas se desenrolem de acordo com o superior interesse nacional.
O que ainda hoje me espanta é o que de substantivo aconteceu para levar Jorge Sampaio a dissolver.
Nos últimos 4 meses o Governo encabeçado pelo inenarrável Pedro Santana Lopes veio a acumular asneiras sobre disparate e a demonstrar publicamente o seu desgoverno e desacerto. No entanto acho fraco o argumento do acumular de ineptidões e tolices. Desde dos desdizeres constantes entre Bagão Félix e Santana Lopes sobre os impostos e os aumentos da função publica até aos autênticos disparates proferidos por Paulo Portas e Companhia a propósito de Rebecca Gomperts o Governo prosseguiu na senda da imbecilidade até deixar o mais fleumático envergonhado da sua decisão. Mas o ridículo não mata e o dislate não impede o funcionamento da República. Pode não proporcionar o “regular funcionamento” das instituições mas não o fere de morte. Tenho dificuldade em acredita na teoria da “ultima gota” ao fim de 4 meses dos quais dois foram de férias. É perfeitamente admissível mas incoerente com a atitude tomada anteriormente.
A teoria do jeito ao “PS também não colhe”. O Partido Socialista teria preferido eleições depois de umas “Novas Fronteiras” de acordo com plano. Uma presença constante nos média a garantir a boa imagem e uma estratégia semelhante aos “Estados Gerais” de António Guterres. Não é a mesma coisa fazer as “Novas Fronteiras” se elas vão ser ofuscadas pela campanha em curso. E dúvidas sobre o continum de cretinices não faltam. Bastava esperar mais uns mesitos e depois, com Sócrates mais maduro no cargo, com um crescendo de aparições nas TV pelas NF, com 6 meses de erros, com 2 ou 3 admoestações fortes e publicas feitas entretanto (uma delas pela Mensagem de Ano Novo, por exemplo) tudo faria mais sentido.
Como muitos, aguardo a explicação de Sampaio e começo a suportar mal o seu silencio. A Presidência tem obrigações de transparência para com os cidadãos que não foram cumpridas. E a resposta não se torna menos necessário só porque me alegra ver a defenestração do inenarrável Pedro Santana Lopes.
Eu fui dos poucos que se situam à Esquerda que apoiou a decisão de Jorge Sampaio de nomear o inenarrável Santana Lopes. Como todos, eu não reconhecia ao ainda Primeiro Ministro legitimidade politica, mas era para mim inegável a legitimidade constitucional, parlamentar e mesmo democrática da nomeação.
Um dos problemas do nosso regime parlamentar é que ele está pela sua pratica pervertido. Ou seja, formalmente elegemos uma AR mas, no intimo de muitos votantes e nos outdoors dos principais partidos, escolhemos o responsável pela Presidência do Conselho de Ministros. Aqueles que, como eu, somos adeptos do reforço do Parlamento e o retorno àquilo que diz a Constituição (ou à revisão do edifício constitucional) se não aplaudiram a escolha presidencial, pelo menos aceitaram-na sem embaraços ou criticas desajustadas e veementes.
Confesso que achei excessiva e inusitada as chamadas “condições impostas” pelo Presidente. Não compete a Belém ditar politicas, apenas velar que elas se desenrolem de acordo com o superior interesse nacional.
O que ainda hoje me espanta é o que de substantivo aconteceu para levar Jorge Sampaio a dissolver.
Nos últimos 4 meses o Governo encabeçado pelo inenarrável Pedro Santana Lopes veio a acumular asneiras sobre disparate e a demonstrar publicamente o seu desgoverno e desacerto. No entanto acho fraco o argumento do acumular de ineptidões e tolices. Desde dos desdizeres constantes entre Bagão Félix e Santana Lopes sobre os impostos e os aumentos da função publica até aos autênticos disparates proferidos por Paulo Portas e Companhia a propósito de Rebecca Gomperts o Governo prosseguiu na senda da imbecilidade até deixar o mais fleumático envergonhado da sua decisão. Mas o ridículo não mata e o dislate não impede o funcionamento da República. Pode não proporcionar o “regular funcionamento” das instituições mas não o fere de morte. Tenho dificuldade em acredita na teoria da “ultima gota” ao fim de 4 meses dos quais dois foram de férias. É perfeitamente admissível mas incoerente com a atitude tomada anteriormente.
A teoria do jeito ao “PS também não colhe”. O Partido Socialista teria preferido eleições depois de umas “Novas Fronteiras” de acordo com plano. Uma presença constante nos média a garantir a boa imagem e uma estratégia semelhante aos “Estados Gerais” de António Guterres. Não é a mesma coisa fazer as “Novas Fronteiras” se elas vão ser ofuscadas pela campanha em curso. E dúvidas sobre o continum de cretinices não faltam. Bastava esperar mais uns mesitos e depois, com Sócrates mais maduro no cargo, com um crescendo de aparições nas TV pelas NF, com 6 meses de erros, com 2 ou 3 admoestações fortes e publicas feitas entretanto (uma delas pela Mensagem de Ano Novo, por exemplo) tudo faria mais sentido.
Como muitos, aguardo a explicação de Sampaio e começo a suportar mal o seu silencio. A Presidência tem obrigações de transparência para com os cidadãos que não foram cumpridas. E a resposta não se torna menos necessário só porque me alegra ver a defenestração do inenarrável Pedro Santana Lopes.