quarta-feira, dezembro 15, 2004
O aborto
De quando em vez a questão do aborto volta à actualidade. Desta vez é porque Paulo Portas parece que aceitou a ideia de fazer um referendo sobre o assunto, se o próximo Governo for, como o actual, uma coligação CDS/PP-PPD/PSD. Aparentemente seria a única cedência de PP que, no resto, ganhou em toda a linha a Pedro Santana Lopes. Considerando as posições públicas de José Sócrates parece inevitável que, dentro dos próximos 12 a 24 meses vai haver um novo referendo sobre o aborto.
Como início de conversa, impõem-se recordar a matemática do que se passou em 28 de Junho 1998.
• Estavam inscritos 8 496 089 cidadãos.
• Votaram 2 709 503. Ou seja abateram-se 5 786 586. O que significa que a participação foi de 31,9%, menos de 50% e portanto o referendo não foi vinculativo.
• Houve 29 057 brancos e 15 562 nulos.
• Dos 2 664 884 votos expressos (31,4% dos inscritos) pelo “SIM” votaram 1 308 130 (49,1% dos votos validamente expressos, mas apenas 15,4% dos inscritos) e pelo NÃO votaram 1 356 754 (50,9%, 16,0%).
• A margem do NÃO foi de 0,6% do universo de potenciais votantes. 48 624 pessoas.
É um facto que 68,1 % dos cidadãos abstiveram-se. Algumas interpretações são possíveis mas nem todas legítimas:
• Os defensores do SIM vão argumentar que, como tudo indicava a vitoria do SIM, é razoável pensar que a maioria das abstenções seria pró-SIM.
• Os defensores do NÃO argumentam que os abstencionistas não diferem dos votantes e portanto a percentagem de cada lado não diferiria muito se o nível de abstenção fosse menor.
• Alguns argumentam que a Vida e/ou os Direitos Humanos não se referendam e portanto, a abstenção foi uma demonstração de desagrado pelo próprio tema.
A decisão foi, efectivamente tomada por uma maioria de 48 624 pessoas. Ou seja, bastava que 24 313 tivessem mudado de opinião e o resultado teria sido o inverso. Vinte e quatro mil pessoas num universo de oito milhões é muito pouco. É demasiado pouco para quem queira (de um lado tanto como do outro) garantir a vitória no próximo referendo. E indica que as organizações que continuam a militar pelas Causas – Direito à escolha / Direito à Vida – se devem preocupar em mobilizar não só os militantes e as influências mas também os anónimos. Cada vez as batalhas eleitorais são não só uma batalha pelos corações, alma e cérebro dos votantes, como uma batalha pela vontade e contra a inércia dos abstencionistas.
Como início de conversa, impõem-se recordar a matemática do que se passou em 28 de Junho 1998.
• Estavam inscritos 8 496 089 cidadãos.
• Votaram 2 709 503. Ou seja abateram-se 5 786 586. O que significa que a participação foi de 31,9%, menos de 50% e portanto o referendo não foi vinculativo.
• Houve 29 057 brancos e 15 562 nulos.
• Dos 2 664 884 votos expressos (31,4% dos inscritos) pelo “SIM” votaram 1 308 130 (49,1% dos votos validamente expressos, mas apenas 15,4% dos inscritos) e pelo NÃO votaram 1 356 754 (50,9%, 16,0%).
• A margem do NÃO foi de 0,6% do universo de potenciais votantes. 48 624 pessoas.
É um facto que 68,1 % dos cidadãos abstiveram-se. Algumas interpretações são possíveis mas nem todas legítimas:
• Os defensores do SIM vão argumentar que, como tudo indicava a vitoria do SIM, é razoável pensar que a maioria das abstenções seria pró-SIM.
• Os defensores do NÃO argumentam que os abstencionistas não diferem dos votantes e portanto a percentagem de cada lado não diferiria muito se o nível de abstenção fosse menor.
• Alguns argumentam que a Vida e/ou os Direitos Humanos não se referendam e portanto, a abstenção foi uma demonstração de desagrado pelo próprio tema.
A decisão foi, efectivamente tomada por uma maioria de 48 624 pessoas. Ou seja, bastava que 24 313 tivessem mudado de opinião e o resultado teria sido o inverso. Vinte e quatro mil pessoas num universo de oito milhões é muito pouco. É demasiado pouco para quem queira (de um lado tanto como do outro) garantir a vitória no próximo referendo. E indica que as organizações que continuam a militar pelas Causas – Direito à escolha / Direito à Vida – se devem preocupar em mobilizar não só os militantes e as influências mas também os anónimos. Cada vez as batalhas eleitorais são não só uma batalha pelos corações, alma e cérebro dos votantes, como uma batalha pela vontade e contra a inércia dos abstencionistas.