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sábado, dezembro 11, 2004

 

A telenovela – cena do suspense que não houve

Jorge Sampaio veio à televisão dizer que tinha dissolvido a Assembleia da República porque o Executivo do inenarrável Pedro Santana Lopes era uma balbúrdia. Disse-o em mais palavras e com as frases complicadas que são seu apanágio.

Até aqui nada de novo ou de criticável de um ponto de vista politico. Mas, como já antes disse, de um ponto de vista constitucional é difícil de perceber como é que se dissolve uma Assembleia com uma maioria estável e, aparentemente, empenhada, só porque o Governo governa com uma aparência de desconchavo.

Se tivesse sido há 4 meses, reconhecendo assim a perversão do nosso sistema parlamentar naquilo que o Professor Adriano Moreira chama de “presidencialismo do Primeiro Ministro” e muitos, provavelmente, eu incluindo teríamos gritado “Golpe de Estado constitucional” ou qualquer palermice do estilo.

Neste momento, serviu apenas para alimentar a carta vitimização que Santana Lopes tão bem sabe jogar. Pode-se argumentar que, com tamanha incompetência no Governo, a demissão se tornava um imperativo nacional. Mas só que não se lembra do PREC (todas as circunstancias relativizadas), quem não vê o que se passa em Itália ou não recorda os últimos meses dos Governos de Juppé ou de Major pode dizer tal coisa. Daqui a mais 2 ou 3 meses, o acumular de erros seria de tal ordem que até uma parte da base de apoio do PSD apoiaria a decisão.

Ao fim de 4 meses, Jorge Sampaio só conseguiu irritar muita gente e nunca se fará perdoar por uma parte da Esquerda por não ter convocado eleições no Verão. Tudo o que fez, foi feito no estrito quadro da Constituição e das suas competências. Pode mesmo ser argumentado que foi tudo politicamente explicável. Mas, se foi correcto, não foi transparente e foi, no limite, “mal jogado”. Sampaio, e a sua passagem pelo Rato, recorda-nos disso, nunca foi um hábil politico. Sempre teve uma má prestação nas coisas da dita “baixa politica”. Também aqui não foi diferente e iniciou da pior maneira a ultima parte do seu mandato.

Finalmente, sejamos conscientes, temos que reconhecer que Sampaio foi magistralmente manipulado pela Direita mais reaccionária que conseguiu o melhor cenário possível para a sua radicalização, desde o Congresso do PSD.

Estou tão farto disto que Vocês não imaginam.

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