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quinta-feira, dezembro 30, 2004

 

Wishful thinking para 2005

Eu não sou nem o Zandinga nem a Elizabeth Tessier. Não sou capaz de fazer previsões, nem sequer de as inventar, sou capaz apenas de enunciar desejos.

Politica nacional:
• Maioria absoluta para o PS em 20 de Fevereiro.
• António Costa ganha a CML para o PS.
• A campanha presidencial será entre Cavaco Silva e António Guterres.

Como quase todos, estou seguro de uma vitoria do Partido Socialista nas eleições de Fevereiro. Mas eu creio na possibilidade de uma maioria absoluta. Não porque o PS tenha conquistado de rompante o coração do eleitorado, mas porque existe um genuíno descontentamento com a coligação de Direita. Agora é preciso não desmotivar, não dizer muitas asneiras durante o período pré-eleitoral (já chega a co-incineração) e, acima de tudo, não subestimar a Direita em campanha. Por outro lado, e pela primeira vez, à Esquerda ouço falar de voto útil para umas legislativas.

Lisboa só voltará às mãos do PS se o nome apresentado o merecer. Aqui sou mais alfacinha que socialista. Para a minha Câmara não serve qualquer burocrata nomeado pelo aparelho. Até porque o inenarrável Pedro Santana Lopes vai voltar para a Câmara e agarrar-se com unhas e dentes ao seu mandato de autarca. De Março a Novembro ainda se pode fazer muita propaganda. Eu gostaria de ver António Costa voltar de Estrasburgo para a CML.

Perder, pela primeira vez desde a Revolução dos Cravos, o palácio cor de rosa para a Direita será difícil de aceitar. Mas Cavaco Silva parece imparável e à Esquerda continua o vazio. António Guterres, para mal dos meus pecados, perfila-se como o porta estandarte de uma Esquerda que ainda tem alguns engulhos não resolvidos com ele. Um anti-clerical como eu vai engolir sapos ainda maiores que Cunhal quando mandou votar em Mario Soares. Mas antes isso que ver o Professor Cavaco na Presidência. Ou talvez não. Quem eu gostaria mesmo de ver como candidato natural da minha área politica seria Manuel Alegre. Mas depois de ter perdido o Rato não creio que se candidate a Belém.

Religião
• O SLB será Campeão Nacional.
• “O Glorioso” não só vai ganhar o Campeonato Nacional, a Taça e as competições europeias em que ainda se encontra como vai ter finanças sãs, pagar ao fisco o totonegócio e ganhar dois títulos nacionais nas outras actividades. Ou três, ou quatro.
• E isto não se discute nem se explica. É uma fezada e pronto.

Artes e Espectáculos:
• Em termos das artes eu vivo só na expectativa do Episódio III. Tudo o resto empalidece em confronto, dentro das minhas esperanças de que seja um digno final para uma série que teve, na minha imodesta opinião, o seu ponto alto com “O Império Contra Ataca”.

Politica internacional:
• Hollande e Sarko a subir, Chirac a descer.
• O Tratado Constitucional é ratificado e aprovado nos vários referendos.
• O problema da integração, dos islamismo e do racismo agudiza-se na União.
Il Cavaliere Banana é substituído pela Esquerda.
O tabu britânico será levantado e a discussão interna do Partido Trabalhista será interessante.

No Hexágono, 2005 vai ser o grande ano de Sarkozy e de François Hollande que se assumiram como as grandes forças para decidir 2007. Chirac vai continuar a afundar-se nos seus erros, no seu passado e na sua corte. Ségolène Royal, Martine Aubry, DSK e Dominique de Villepin são pessoas a seguir. Em 2005 Raffarin, que não vai deixar o Presidente da UMP continuar a fazer-lhe sombra, ou, pelo menos, tentará. Questão: Bertrand Delanoë vai ganhar um lugar mais proeminente na politica nacional ?

A União vai ter que digerir 10 novos membros, aprovar o Tratado Constitucional nos Estados Membros e em Outubro começar as negociações com a Turquia. A Comissão Barroso começou mal (onde está ela na crise humanitária actual?) e vai ter que se afirmar sob pena de ser rapidamente considerada irrelevante.

Na União, mas principalmente em França, Itália, Alemanha, Países Baixos a questão do multi-culturalismo e das etnicidades vai continuar a ganhar importância. Entre os sequazes de bin Laden e vozes de algum bom senso como Fadela Amara a nossa Europa vai ter que enfrentar a questão do islamismo. Por um lado temos 11M e por outro a relativa facilidade com que a nova lei do véu passou na pratica. Mas, por muito que me custe dizer isto a Laicidade à francesa não tem todas as respostas. É a melhor resposta que temos mas não é completa. E não comecem a gritar vitupérios que eu tenho razão. Mesmo que pensem mal de mim estão sinceramente a pensar que Helmut Schmidt é de Direita? Por muito que nos custe Enoch Powell e la Fallaci tinham alguma razão. Na identificação dos factos e em parte do diagnostico, não nas curas propostas.

Há dois dias o Cavaleiro Berlusconi foi obrigado a abandonar a Presidência do AC Milan. Será que para o ano abandona a Presidência do Conselho? Quem se seguirá no Palácio Chigi? Prodi? Fassino? O Insuportável Rutelli?

Tony Blair tem até Junho de 2006 para preparar as próximas eleições gerais. Em 2005 “Bambi” deve terminar uma vez por todas do tabu a la Cavaco. Se ele continua à frente do Labour, como tudo indica, então o Reino Unido verá um ano politicamente desinteressante. De outra maneira, as lutas internas no Labour vão ser não só um ponto de interesse como mais uma oportunidade de definir a Esquerda europeia e de lutar pela sua alma.

Dois grandes pedidos aos Deuses e aos Políticos para 2005:
• Discutamos o que quer dizer ser de Esquerda hoje.
• Discutamos que Europa vamos/queremos fazer.

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