segunda-feira, janeiro 31, 2005
Eleições no Iraque
A Comissão Eleitoral Iraquiana indicou que a afluência às urnas situou-se entre os 60 e os 75 por cento. Considerando que uma parte dos potenciais eleitores não votaram por medo de represálias ou por sectarismo comunitário a participação não pode deixar de contar como apoio ao processo em curso.
Tal facto não desculpa as torturas, não nos faz acreditar nas armas de destruição massivas que todos nós sabíamos que não existiam e que a Administração norte-americana já reconheceu não ter encontrado, não nos faz esquecer os contractos da Halliburton e as reservas de petróleo. Não faz esquecer as centenas de mortos antes e depois da declaração de George W. Bush, em cima de um porta-aviões cujo nome esqueci de que a “guerra tina acabado”.
Mas faz voltar a acreditar que no fim de tudo, de um período de transição longo e que ameaça eternizar-se, os iraquianos vão viver melhor, mesmo que num protectorado norte-americano, que viviam em ditadura baahista. Recorda-nos que a Liberdade e os Direitos Humanos são sempre valores maiores que a Nação.
Resta aquardar 10 dias para conhecer os resultados.
domingo, janeiro 30, 2005
Ridiculos sentimentais
É bem verdade que o ridículo não mata. Esta gente não se enxerga?
Independentemente das nossas opiniões sobre o fundo dos assuntos (eu acho que João Soares tinha razão, Hillary Clinton mais ou menos e Santana Lopes bastante menos) a forma é deplorável. Não só é deselegante como apela ao sentimento. A vitimização é tão deplorável e quase tão baixa politica com os ataques públicos. Pior só mesmo a mentira, a calúnia, os rumores.
sábado, janeiro 29, 2005
IPSS
No anuncio da medida, com um óptimo sentido do apelo ao sentimento, o ministro contou caso de jovens rapazes que nem tinham agua quente para o duche. È dramático e ainda bem que se faz alguma coisa. Confrontado com uma jornalista da TSF que perguntou o obvio – Porque é que o Estado não faz melhor em vez de entregar o assunto a privados ? –, o ministro lá acabou, após algum jogo de cintura por explicar que ma grande vantagem é que o Estado não devia fazer aquilo que a iniciativa privada pode fazer.
Em primeiro lugar eu não percebo porque é que se passa também o património. A ideia de contractualizar com a sociedade civil algumas prestações tradicionalmente executadas pelo Estado não me choca. Eu sou de Esquerda mas não sou comunista. Admitamos a gestão das instituições. Mas passar um património, nomeadamente imobiliário, por vezes valioso não deixa de ser estranho. Ainda mais quando o próprio ministro anunciou subsídios extraordinários para ajudar à manutenção. Parece-me que só as IPSS é que ficam a ganhar com este negocio. O ministro a única coisa que recebe em troca “menos Estado” um mantra dos neoliberais reganistas/tatcherianos.
Em segundo lugar eu interrogo-me sobre a absoluta bondade da operação. Existem prestações que de que o Estado não pode demitir-se ou, sequer, franchisar. E isto por principio. A Defesa, a Segurança Publica ou a Justiça são assuntos sobre os quais todos concordamos. A promoção da Igualdade, a Segurança Social, a defesa do consumidor, entre outros são assunto sobre os quais só concordamos aqueles que estamos à Esquerda. No caso concreto eu debato-me sobre a existência de um dever do Estado de cuidar das pessoas e a constatação de que os IPSS o fazem muitas vezes melhor.
A meu ver a resposta certa é a contida na pergunta da jornalista da TSF – o Estado tem que fazer o upgrade dos seus serviços – e não demitir-se pura e simplesmente de cuidar dos seus cidadãos, principalmente os mais débeis.
Todos, à Esquerda e à Direita, reconhecemos que o tamanho e a falta de eficiência do Estado são um problema. Só os empregados públicos é que não. Mas a Direita clama por “menos Estado” e a Esquerda por “melhor Estado”. É uma das muitas diferenças que nos separam e que a Direita tenta mascarar.
sexta-feira, janeiro 28, 2005
PTP e o BCP
Paulo Teixeira Pinto deve ser um competente quadro e dirigente porque ninguém, eu o primeiro, acredita que o Engº Jardim Gonçalves entregue o “seu Banco” a um talento menor. Eu não sigo com atenção as evoluções do mundo da alta finança e desconheço pormenores das realizações recentes de Teixeira Pinto, mas não tenho duvidas que são muitas e de muita qualidade.
O Dr. Teixeira Pinto tem no seu curriculum vitæ, entre outras actividades ilustres, o ter pertencido às equipas governativas do Professor Cavaco Silva. É coisa que não deslustra a alguém que chega aos 44 anos a presidente do maior banco privado nacional.
De acordo com a imprensa ele é católico, conservador, monárquico e próximo do Opus Dei. Dizem-me, mas não sei se é verdade, que na Universidade teria andado com suásticas ao peito. O assunto ou é uma infame calunia ou é un péché de jeunesse.
Estou seguro que, à frente da prestigiosa instituição, o Dr. Teixeira Pinto continuará a trilhar a senda do sucesso pessoal e o banco crescerá, na linha traçada pelo Eng.º Jardim Gonçalves.
Uma pequena e humilde nota final: podiam-me emprestar umas massas que eu tenho uma não súbita mas cada vez maior e mais urgente vontade de emigrar deste V/ País? É que cada vez mais me é difícil dizer e sentir que é também meu. Nem um niquinho.
quinta-feira, janeiro 27, 2005
O dever de memória
Quando a geração que tem os numeros tatuados nos deixar, então e só então, nós teremos o direito de falar. Mas aí teremos também, e acima de tudo, o dever de falar. Pelo dever de memória. Por eles que já cá não estão. E por todos os que cá estão e todos os que ainda vão chegar. Para que não se repita. Para que nunca se repita.
Por isso, quero assinalar aqui o 60º aniversário da libertação de Auschwitz. De luto por todos os desaparecidos.
Eu bem me parecia.
Eu sabia que havia uma razão qualquer para, há mais de 15 anos, eu ter feito campanha por ele. Afinal o senhor não é assim tão à Direita como na época se dizia.
quarta-feira, janeiro 26, 2005
SLB Allez!
Ou seja:
Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos ! Ganhámos !
terça-feira, janeiro 25, 2005
Debater ou não debater, eis a questão
O Secretário Geral devia ceder à chantagem politica a que está a ser submetido porque assim parece que está a fugir. Fazer mais debates pode parecer fraqueza porque cede, não fazer parece cobardia porque foge.
A Direita não parece capaz de fazer algo mais que promessas facilmente desmontáveis e ataques pessoais a Secretário Geral do PS e aos seus antecessores (António Guterres e Jorge Sampaio).
Melinda e Melinda
A musica, como sempre nos filmes de Allen, é muito boa. Só os exagerados preços me impediram de o ir ver ao Casino, tal é a minha sintonia com os gostos musicais do senhor.
Eu tenho a impressão de ter visto um microfone de gravação numa das cenas iniciais do filme. Custa-me a acreditar porque um erro destes seria cortado na mostagem, mas estou convencido disso. De qualquer maneira não dou mais 5€ por um bilhete. Talvez tire as minahs duvidas em video.
segunda-feira, janeiro 24, 2005
Falta de vergonha
domingo, janeiro 23, 2005
Manuel Alegre
- Ele era o meu candidato a Secretário Geral.
- É o meu candidato preferido a Belém. Malgré Guterres et malgré lui même.
Mas, como recentemente disse, hoje o Partido Socialista e a grande maioria da Esquerda democrática e séria estão unida no seu apoio a José Socrátes. Que a Direita não tenha disso duvidas.
sábado, janeiro 22, 2005
Disclaimer
E, por outro lado, devo assumir que se algumas das divergências são porque eu estou ligeiramente mais à Esquerda outras são porque eu estou, em determinados assuntos, mais alinhado com a Direita. Já ninguém é monolíticamente de Esquerda e de Direita e, face alguns temas, nem sempre é evidente de dizer qual é a posição de Esquerda ou de Direita.
Não sei se alguém me lê. Desconfio que não. Mas dado o caso que assim não fosse, ao menos Vocês sabem as minhas posições e as linhas com que eu, e por extensão este blog, me coso.
sexta-feira, janeiro 21, 2005
Olha que chatice
Hoje o FCP saiu em defesa de Nuno Cardoso. Talvez pense com isso que vem a ganhar pontos junto das estruturas do Partido Socialista. Talvez sim ou talvez não.
O que é verdade é que politicos como Nuno Cardoso são uma chatice para os apoiantes do PS como eu. E o FCP estar remotamente associado à Esquerda é uma chatice ainda maior.
Não é que eu seja clubista mas porque é que o Mundo não se divide em Benfiquistas à Esquerda e lagartos e andrades à Direita? Era tão mais simples não era? Pelo caminho o Jorge Sampaio deixava de ser considerado de Esquerda o que não era mau de todo e pronto. Se eu fosse um quadro ou um dirigente partidario não podia dizer estas coisas nem num blog que ninguém lê. Mas como sou só um cão tresmalhado não há espiga.
Luvas: da peliça para o boxe.
Primeiro Santana Lopes brindou-nos com uma versão da teoria da conspiração digna dos mais destrambelhados membros da Milícia do Montana. Tanto quanto percebi das declarações que a TSF retransmitiu, ele teria sido demitido por um estranho complot entre o Presidente Sampaio, a Banca e redes de influencia não explicadas. Faltou a influencia dos Illuminati, CFR, Rosa-Cruz, a Máfia e de todos os outros grupos de que os teóricos da conspiração normalmente usam para "justificar" as suas delirantes ideias. Não desesperemos que Santana Lopes adora fazer-se de vitima e não pode estar sempre a culpar Cavaco Silva. Daqui até 20 de Fevereiro ele ainda tem tempo para vitimsar-se culpando os aliens, os comunistas ou a Opus Dei da queda do seu Governo.
Depois foi a acusação da nomeação pretensamente feita por José Sócrates e que, na realidade, foi feita por Isaltino Morais.
A pressa no ataque indiscriminado, o desejo do soundbite para os media e o gosto do confronto misturados com a ausência de ideias e de credibilidade empurra Santana Lopes, de seu ordinário um hábil politico, para as mesmas asneiras e trapalhadas que, na campanha, continuam os erros da sua governação. Santana Lopes é um homem inteligente e educado mas, infelizmente para ele, não tem "espessura". Não que não tivesse capacidade para a ter, mas não tem. E pela força das circunstancias e das suas fraquezas Santana torna-se num arruaceiro, fazendo o gosto à maioria do povo de Direita mas alienando todos os seus quadros.
O final da semana foi povoado pela mais baixa das baixezas - um ataque à vida pessoal. Pode ser uma calunia ou pode ser verdade. Mas se for verdade em que forma é que isso afecta a capacidade politica das pessoas? Seja lá o que for é indigno e demonstra o estado de pânico a que a Direita chegou.
É triste.
quinta-feira, janeiro 20, 2005
Imprensa
quarta-feira, janeiro 19, 2005
Televisão
Todos os programas que eu vi são extraordinários. O desta semana com Patrícia Reis, a editora da revista Egoísta, foi excelente. Estou certo que também o são aqueles que perdi. E nisto há um mérito próprio dos sujeitos escolhidos mas, e arrisco acima de tudo, há um enorme mérito da autora.
É necessário e urgente dar perenidade a estes momentos que são imperdíveis mas não devem ser irrepetíveis. Uma colecção de DVDs com as gravações do “Por outro lado” ou um livro com as transcrições das entrevistas/conversas impõe-se. Para quando?
terça-feira, janeiro 18, 2005
Começou a campanha
No Domingo ainda o mesmo Santana Lopes, que na véspera tinha dito no JN que só se ia meter na campanha a partir do seu início formal, lançou-se numa diatribe contra José Sócrates em que lhe chamou varias coisas antipáticas. O PS, em que o Secretário Geral se tenta preservar e ganhar estatura de Estado, lançou Jorge Coelho “às canelas” do Presidente do PSD. Coelho, no seu mais puro estilo, deu uma resposta trauliteira que desceu ainda mais o nível, já baixo, em que Santana Lopes a tinha deixado.
Assim vai a coisa publica e temos alguma razão para temer que assim vá a causa publica.
As virtudes da Gula
"O Gordo", ou melhor "o Rabino" foi este fim de semana comer rojões com papas de sarabulho para Braga. 4 horas de comboio de ida e outras tantas de volta só para se empaturrar com mais colesterol que é permitido pela OMS para toda uma vida e para ganhar mais meio quilo, como se ele não tivesse já quilos a mais.
A estas criticas ele respondeu que fez 8 horas de comboio para estar 4 horas à mesa com amigos. Até podia ter comido raspas que o que vale é a companhia mas, já gora, comeu bem.
Ele não deixa de ter razão, umas das virtudes da Gula é o culto da boa companhia. As montanhas de comida entratanto devoradas são só pretexto para as anedotas, o refazer o Mundo, o por a escrita em dia. E,como ele diz, é bem mais convivial o encontro à volta de uma mesa que a correr a meia maratona de Lisboa.
"Há males que vem por bem", diz o ditado. Neste caso é mais "Há bens (o convivio) que vem por mal (o almoço)". Mas a verdade é que eu e a maioria dos meus amigos não fazemos 8 horas de viagem para ir almoçar com amigos de Braga. Eu nem sequer conheço ninguém em Braga. Nisso o Gordo leva a palma a todos nós.
segunda-feira, janeiro 17, 2005
Belém
À Esquerda, Guterrres cada vez mais parece ser o unico concorrente. A seguir às eleições legislativas ele vai ter que dizer se avança ou não. Se não, eu espero que Manuel Alegre capitalize a boa vontade e as boas vontades angariadas na campanha para Secretario Geral e avance.
As partidas que nos prega a idade
Da trama e dos personagens recordava quase todos os detalhes: a tarantela de Nora Helmer, o paternalismo de Torvald, da relação passada de Christine Linde e Nils Krogstad, a falsificação da assinatura, "o papá" morto, etc. Recordo Nora como uma mulher forte que parece não o ser para agradar à sociedade e por facilidade. Na sua força interior tão semelhante a Hedda Gabler e uma espécie de anti-Blanche DuBois; se bem que, exteriormente e comportamentalmente, possam haver pontos de encontro. O "Eu não aceito a ajuda de estranhos" que Nora diz na sua cena final é, na minha imodesta opinião, uma antitese à célebre "I always depend upon the kindness of strangers" e, cada uma à sua maenira, ilustram duas maneiras de estar na vida que hoje co-existem. O que é quase revolucionario é que, quando Ibsen escreveu a sua peça, não deviam existiriam muitos exemplos de mulheres como Nora (a Nora do final, a Nora que decide ser autonoma).
É por isso que a partida que me pregou a minha memória é assuatadora ou interessante, depende de como se a encarar. Eu não tinha qualquer recordação do Dr. Rank. Este médico à beira da morte que hoje me pareceu dos personagens mais simpaticos e com os quais posso desenvolver maior empatia tinha desaparecido completamente das minha recordações. Mesmo a sua cena com Nora, tão importante para a definição junto do espectador do caracter desta, tinha sido apagada. Será porque há 15 anso atraz a morte me parecia bem mais distante? Sera que, ao envelhecer e ao ver morrer pessoas que me são proximas e queridas, eu compreeendo melhor um personagem que está preocupado com a Morte enquanto dos outros estão preocupados com o dia-a-dia? Seja lá porque razão for, a coisa é interesante.
O Espresso deste fim de semana traz uma competente critica à produção que a Companhia Teatral do Chiado leva actualmente à cena. Acertada a critica sobre a transposição da peça para os nossos dias onde pouco sentido faz "ir para o Sul para repousar", coser bainhas de saias na antevespera de Natal ou dançar a para entrever os convidados. Pouco posso acrescentar ao texto que, infelizmente, não vem assinado. Uma linha só para acrescentar que o espetáculo vale a pena. Não só o texto é soberbo mas o resto é, genericamente, positivo.
terça-feira, janeiro 11, 2005
Pois
Mas qual lugar? O de ministro de um Governo de gestão que não tem nada melhor para fazer que gastar 80 mil euros para ir entregar material em segunda mão que, provavelmente, vale menos?
Santan Lopes reafirmou a sua confiança neste senhor. Hã, pois né?
segunda-feira, janeiro 10, 2005
Fim de reino
Em primeiro lugar é preciso que isto nã fique mais oneroso ao nosso empregador. Ou seja, se leva a esposa então paga a viagem dela, se fica o fim de semana paga as noites suplementares, etc. Em segundo lugar é preciso haver transparecia e clareza na coisa. Eu fiquei muitos fins de semana a fazer turismo nas cidades on o trabalho me levou, mas a minha chefia sabia-o bem e a empresa nunca pagou um centimo a mais.
No caso dos cargos políticos, a estas regras associam-se que outras decorrem da natureza propria das funções desempenhadas - a aparencia de impropriedade é quase tão grave como a dita impropriedade.
Em todas os critérios, Nuno Morais Sarmento falhou:
- Eu não duvido que as despesas extras de Sábado sejam pagas dos bolsos pessoais do Ministro e da comitiva. Mas toda a viagem parece inventada, um bom pretexto para ir dar uma voltinha. Ou o Ministro da Presidência do Conselho não tem nada melhor para fazer que entrgar material vídeo usado a um PALOP? Por muito que eu preze a colaboração com as ex-colónias parece-me exagerado para justificar o posto.
- Não houve muita clareza, quando até Santana Lopes diz que a questão é incómoda e que irá formular a sua conclusão quando chegar a Lisboa (vindo de Paris onde está).
- Aos olhos da opinião publíca a coisa parece mal e, não há duvída, não passa o "teste político", mesmo que tivesse boas notas no "teste da honestidade".
Por isso, Não estamos perant mais um fait divers mas perante mais uma argolada política.
Ora Morais Sarmento não é completamente estúpido. Ele tem certamente a consciência que algumas coisas são permitidas aos políticos, mais ainda aos lame ducks, mas nada passa desapercebido em campanha. Um dislate destes só se pode explicar pela certeza da não reeleição e consequente impunidade de quem sabe que, independentemente das suas acções não será julgado por elas. Não porque não haja julgamento, mas porque a pena já está traçada, em função dos muitos e muito graves crimes anteriores.
Mahmud Abbas ganhou as eleições para a Presidência da Autoridade Palestiniana
Assim como a morte de Savimbi foi necessária para a paz em Angola (e, notem que não estou a fazer a apologia do assassínio) esperemos que, com a morte do raïs se possa, finalmente, começar a caminhar para uma paz duradoura e para negociações baseadas em posicões realistas.
quarta-feira, janeiro 05, 2005
Olha a novidade
Olha a novidade. Que a Senhora Ministra não era relevante a gente já sabia.
Mais relevante, e bastante triste é achar, como ela acha, que uma conferencia de imprensa substitui a presença no Parlamento. É menosprezar a Assembleia e sobrevalorizar a Comunicação Social.
Os estadistas governam para a proxima geração.
Os politicos para a proxima eleição.
Este Governo para a proxima edição.
Porra para os independentes
Há coisas que nunca percebi e, confesso, não creio que um dia venha a ser suficientemente inteligente para perceber. Uma delas é a presença de independentes nas listas de candidatos a deputados. Principalmente em lugares elegíveis.
Um Partido é, na minha imodesta opinião, um conjunto de pessoas que:
- Partilham de uma visão comum da sociedade, da “sociedade ideal” e da Historia. Essa visão está expressa nas suas declarações de princípios e em outros documentos programáticas e, muitas vezes, está (ou devia) estar marcada pela sua história e pela história das correntes políticas a que pertencem e de que se reclamam.
- Partilham uma visão comum das acções que se impõem no curto e médio prazo para o Estado (e, no nosso caso, também para a União) para implementar essa visão. Essas acções estão corporizadas no Programa de Governo que os Partidos apresentam e que, normalmente, é (uma vez mais devia ser) sequencia de decisões aprovadas em Congresso ou num órgão equivalente.
- Partilham as Regras e Regulamentos internos do Partido, trabalho partidário, semanas e meses de esforço comum para fazer passar a sua mensagem e atingir o maior numero possível de eleitores.
Basicamente um independente é alguém que acredita pelo menos no ponto 2. Ou seja, está de acordo com as acções a tomar no curto e médio prazo, uma vez que se compromete a ir para a AR defender precisamente isso. Como é óbvio eu estou a excluir os mentirosos, os hipócritas, etc.
Sendo alguém que não acredita nas mesmas grandes opções (ponto 1) porque é que acredita nas mesmas acções de médio/curto prazo? É apenas por oportunismo conjuntural? Afinal os USA e a URSS foram aliados contra um mal maior que era o Eixo. Mas sendo assim, como não se pode prever todos os acasos políticos da próxima legislatura, o bom senso aconselha a não levar ao Parlamento tal tipo de pessoa.
Logo, o único independente aceitável seria aquele que comunga de 1 e 2 mas não é filiado. Ou seja, não está para se dar à chatice de se submeter às Regras, de pagar as quotas, de dar o seu tempo para a militância do dia a dia, de ter que levar com os enxovalhos e as piadas dos colegas de escritório cada vez que os dirigentes fazem burrada (e Deus sabe que são muitas). Tem sempre a posição fácil que é a de dizer “Ah mas eu não sou filiado” quando as coisas dão para o torto.
Basicamente é um calão, para não dizer um parasita, que deixa as tarefas chatas para o militante de base mas que se apresenta pronto a tomar um lugar nas listas de deputados e, eventualmente, nas bancadas parlamentares quando “cheira a Poder”. E, mesmo aí, evocará o seu estatuto de independente para não se comprometer muito.
O senso comum diz que a essas pessoas é oferecida tal tipo de lugares porque:
- É-lhes reconhecido um certo tipo de competência que o Partido não dispõe mas que reconhece que lhe faz falta. Pode ser verdade para pequenos gruposculos como o CDS/PP ou o PND, mas tal raciocínio não se aplica ao PPD/PSD nem ao PS com as suas largas dezenas de militantes. Seguramente alguém perceberá de determinado assunto.
- É-lhes reconhecida “apelo popular” e podemos pensar que isso traz votos. É o raciocínio que levou Manuel Monteiro, enquanto dirigente do CDS/PP a propor Manuela Moura Guedes nas suas listas. Mas isso reduz o Parlamento a uma espécie de Big Brother dos Famosos incompatível com a dignidade da Republica.
- É suposto essas pessoas trazerem às listas dos Partidos “uma visão diferente” dos problemas. Ora bolas. Se a visão é diferente então que formem o Partido deles e não chateiem. Se a visão é diferente então porque é que eles estão a defender a visão do Partido porque se candidatam? E se é igual, toca a preencher a fichinha de adesão e depois a gente fala.
Sempre me escapou porque é que os militantes dos Partidos aturam esses “independentes paraquedistas” nas suas listas. Mesmo admitindo que o seu “star appeal” traz mais votos e que esses votos se traduzem em mais lugares de deputados, esses lugares são precisamente os que eles ocupam e portanto o resultado é mais ou menos “soma nula”.
Isto não quer dizer que os Partidos devem ser organismos autistas e fechados ao resto da sociedade como o PCP. Devem ser organizações à escuta quer das preocupações dos eleitores quer das propostas de solução. Ninguém nasce com a verdade absoluta no bolso e, como é natural, boas ideias existem dentro e fora de qualquer organização humana. “Hors de l’Église, point de salut” só faz sentido precisamente porque ela se reclama de ser uma organização não humana. Mas a permeabilidade aos outros deve terminar nalgum sitio e a sede do poder nas democracias representativas – os Parlamentos – é precisamente esse ponto de não retorno.
Eu admito que a constituição dos círculos eleitorais e o seu preenchimento – círculos distritais e regra de Hondt – não são perfeitos. Pessoalmente eu favoreço a ideia de uma só Câmara de, digamos 250 lugares, dos quais 150 são uninominais preenchidos pelo sistema de “first around the pole” e 100 por um circulo nacional preenchido pelo método de Hondt. Criaria uma casta de “senadores” e outra de “procuradores” que eu acho muito positivo. Mas isto sou só eu a discorrer e afastei-me do ponto.
E o ponto é que vivemos numa democracia parlamentar alicerçada num sistema de partidos. Portanto faz todo o sentido ser-se um independente partidário e fazer-se Arte, pasteis de nata ou paredes. Mas não faz sentido ser independente e querer fazer politica. A menos que querer subverter o sistema é a mesma coisa que querer ser dentista mas não ter uma cadeira de tortura no consultório.
Repito: isto não quer dizer que os Partidos não devem escutar a sociedade civil. Devem e muito. Mas depois devem fazer as suas escolhas ponderando as necessidades que lhes forem transmitidas e as soluções que lhes forem sugeridas pelos seus princípios (o tal ponto 1) para que não se descaracterizem. A politica é para os políticos como a construção civil é para os pedreiros, engenheiros e patos bravos e a informática para os informáticos.
Uma ultima nota para dizer que o apoio de não filiados aos Partidos que, num determinado momento, eles reconhecem como o melhor posicionado para defender os melhores interesses a Republica e dos cidadãos num determinado momento e, particularmente, nos períodos eleitorais. Mas esse apoio não deve ser “pago” com benesses, honrarias e lugares imerecidos.
Recordo com saudade uma grande senhora da cultura que apoiou um Partido (infelizmente para mim um Partido de Direita) e um Líder em que acreditava. Apoiou com a sua presença em tempos de antena e numa ocasional acção de campanha. Chegou a emprestar o seu brilho do seu nome às listas de candidatos. Mas no ultimo ou penúltimo lugar dos suplentes do seu distrito
terça-feira, janeiro 04, 2005
Graças a Deus que o ridiculo não mata
Por isso, a recusa do Professor de Boliqueime, de dar a cara nos cartazes de campanha é mais uma "facada nas costas" do "bebé na incubadora" laranja. Seja-me perdoada a mistura de imagens de estilo. Até aqui, nada de novo.
No entanto, ao desvalorizar a recusa, Santana Lopes baixa-se a um nível que só pode ser considerado de ridículo. Juntemos a esta história o caso Poncio Monteiro e digamos que, só pelo que se passou hoje, as santanetes devem dar graças a Deus que o ridículo não mate, senão perdiam o Luz dos seus olhos.
Sejamos honestos, a confusão em torno do nome de Paulo Pedroso em Setúbal, a (para mim inexplicável) posição cimeira de Matilde Sousa Franco no distrito de Manuel Alegre e Fernando Valle, a continuação do pacto com os movimentos católicos que António Guterres impôs a um Partido que era republicano e laico são tantos outros exemplos que provam que o ridiculo não ataca só à Direita.